quarta-feira, 3 de julho de 2013

ENCONTRO NA CASA DE SOLIDARIEDADE DIA 02/7/2013 Pauta: Palestra e debate sobre as manifestações de junho/julho no Brasil

ENCONTRO NA CASA DE SOLIDARIEDADE DIA 02/7/2013

Pauta: Palestra e debate sobre as manifestações de junho/julho no Brasil

A platéia era formada de dirigentes da Casa e a maioria de alunos dos cursos profissionalizantes que estudam no local. Cheguei atrasada (meia hora) e estava havendo a fala do vereador Toninho do PSOL que participou das mobilizações. O vereador analisou primeiro a política econômica dos governos Lula e Dilma, as exportações de matérias primas (soja, minérios) equilibrando nossa balança comercial, mas dependente do mercado externo talvez em possível queda. Destacou a enorme dívida pública do governo federal com os bancos (dívida interna) no valor de 600 bilhões (não sei se em reais ou dólares) e os programas sociais do governo petista incrementando o consumo daqueles quase 40 milhões de brasileiros que saíram da linha da miséria. Ocorre que o acesso ao consumo não foi acompanhado da efetiva melhoria dos serviços públicos como saúde, educação (não mencionou o ensino técnico e o programa de cotas), transportes, reforma agrária, etc. Para o vereador do PSOL, a exportação dos produtos primários aproximou muito o governo do PT com o agronegócio e daí a dificuldade para a reforma agrária. O investimento em saúde, educação, transportes,etc vem do pagamento de 600 bilhões aos bancos nacionais, cuja dívida o governo deveria deixar de pagar porque o mercado financeiro já lucra demais nesse país. Seria opcional, ou se paga os bancos ou se investe nas demandas públicas, nos serviços básicos para a população.
Foi analisada também a importância da continuidade das manifestações para que os projetos políticos populares avancem. Perguntei sobre a infiltração neofascista nas manifestações e se a esquerda “continuava” ou estava na liderança dos movimentos. Referi-me à queda nas pesquisas de intenção de voto da presidente Dilma e a elevação da Blablarina (Marina Silva e seu partidinho rede – redinha de pescar) e de Balbosa (Joaquim Barbosa sem partido até agora?). O vereador conjecturou que se a presidenta perder para a direita a culpa seria do PT. Não indaguei os detalhes. Havia pressa para terminar o debate (no qual a platéia também perguntou e participou) até as 21 horas e o último item foi a greve (ou paralisação) do dia 11/07/2013. Houve o chamamento para a participação nessa manifestação. Saí em seguida, antes do término da reunião.

Considerações:
- A fala do vereador Toninho do PSOL foi pontuada de críticas ao governo petista de Lula e Dilma (crítica á esquerda sobre a solução das demandas sociais nos serviços básicos da população tendo em vista o pagamento da dívida interna aos bancos e a aproximação com o agronegócio.
- Foi subestimado o perigo neofascista ou o neoliberalismo de direita (representado pela grande imprensa) tanto nas eleições de 2014 como nas manifestações atuais. Houve ênfase na manifestação do dia 11/07/2013 que teria como bandeira a reivindicação das reformas estruturais: reforma agrária, contra as terceirizações, as privatizações, a democratização dos meios de comunicação, entre elas.
- a esquerda e os movimentos populares estão se manifestando nos bairros de periferia e o farão também na possível greve do dia 11/07. Enquanto isso a direita, através de sua mídia (a grande imprensa) investe no fim do governo do PT para sepultar também a solução das demandas populares nos serviços básicos as quais não serão resolvidas com o fim da PEC 37 ou o fim da corrupção ou o fim dos partidos políticos. Essa idéia é passada pela grande mídia quando abraça temas para iludir a população.

Questionamentos:
- Como será o amanhã da população brasileira tão castigada pelo grande capital há mais de 500 anos?
- Como viabilizar as demandas populares derrubando um governo democrático e se iludindo com Blablarinas e Balbosas?
- Como fazer o povo entender que todos os que falam no fim dos partidos são extremamente políticos e os salvadores da pátria foram ditadores ou arremedo deles como Hitler, Mussolini, Collor,etc Já conhecemos esse filme...
- Como reinventar a política com o povo participando não somente para reivindicar, mas decidindo o que é melhor para sua região e participando cotidianamente da coisa pública?
- Como adaptar os partidos de esquerda e os movimentos populares para esse novo momento histórico de nossa sociedade exercitando a democracia sem se deixar cooptar pela mídia golpista que representa os interesses do capital?

A corrupção só será combatida quando o povo e não apenas a classe média, assumir o seu papel no governo e nas decisões municipais, estaduais e federais. Como organizar o povo ou como entender a sua organização, para a sua auto-gestão da sociedade?
Um deputado ganha quase R$26.000,00. Um procurador do município ou do estado ganha até mais do que isso, mas ninguém reclama ou mexe com eles porque são do Poder Judiciário. Como democratizar o poder judiciário e acabar com o poder vitalício dos juízes?
Comparando o salário dos deputados com a dívida pública do governo federal de 600 bilhões com os bancos podemos entender que o capital financeiro é que abocanha os créditos que poderiam ser investidos em políticas públicas para saúde, educação , transportes, etc...
Não pagar essa dívida pública, investir o dinheiro nos serviços básicos para a população, democratizar o judiciário, os meios de comunicação e não somente bradar para baixar o salário dos deputados seria uma medida consciente e conseqüente.

 Por último um recado para as esquerdas:
O positivo do debato é que o vereador Toninho do PSOL não é prepotente, sabe se posicionar e explicar suas idéias sem a retórica grandiloquente das grandes lideranças acadêmicas de esquerda. Ele é humilde ao se pronunciar, convincente em seu discurso e fala a língua do povo e com o povo. É um acréscimo e um aprendizado para as esquerdas prepotentes.

Márcia D´Angelo   historiadora
São Paulo, 03/07/2013




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