ENCONTRO NA CASA DE
SOLIDARIEDADE DIA 02/7/2013
Pauta: Palestra e debate sobre as manifestações
de junho/julho no Brasil
A platéia era formada de dirigentes da Casa e a
maioria de alunos dos cursos profissionalizantes que estudam no local. Cheguei
atrasada (meia hora) e estava havendo a fala do vereador Toninho do PSOL que
participou das mobilizações. O vereador analisou primeiro a política econômica
dos governos Lula e Dilma, as exportações de matérias primas (soja, minérios)
equilibrando nossa balança comercial, mas dependente do mercado externo talvez
em possível queda. Destacou a enorme dívida pública do governo federal com os
bancos (dívida interna) no valor de 600 bilhões (não sei se em reais ou
dólares) e os programas sociais do governo petista incrementando o consumo
daqueles quase 40 milhões de brasileiros que saíram da linha da miséria. Ocorre
que o acesso ao consumo não foi acompanhado da efetiva melhoria dos serviços
públicos como saúde, educação (não mencionou o ensino técnico e o programa de cotas),
transportes, reforma agrária, etc. Para o vereador do PSOL, a exportação dos
produtos primários aproximou muito o governo do PT com o agronegócio e daí a
dificuldade para a reforma agrária. O investimento em saúde, educação,
transportes,etc vem do pagamento de 600 bilhões aos bancos nacionais, cuja
dívida o governo deveria deixar de pagar porque o mercado financeiro já lucra
demais nesse país. Seria opcional, ou se paga os bancos ou se investe nas
demandas públicas, nos serviços básicos para a população.
Foi analisada também a importância da
continuidade das manifestações para que os projetos políticos populares
avancem. Perguntei sobre a infiltração neofascista nas manifestações e se a
esquerda “continuava” ou estava na liderança dos movimentos. Referi-me à queda
nas pesquisas de intenção de voto da presidente Dilma e a elevação da
Blablarina (Marina Silva e seu partidinho rede – redinha de pescar) e de
Balbosa (Joaquim Barbosa sem partido até agora?). O vereador conjecturou que se
a presidenta perder para a direita a culpa seria do PT. Não indaguei os
detalhes. Havia pressa para terminar o debate (no qual a platéia também
perguntou e participou) até as 21 horas e o último item foi a greve (ou
paralisação) do dia 11/07/2013. Houve o chamamento para a participação nessa
manifestação. Saí em seguida, antes do término da reunião.
Considerações:
- A fala do vereador Toninho do PSOL foi
pontuada de críticas ao governo petista de Lula e Dilma (crítica á esquerda
sobre a solução das demandas sociais nos serviços básicos da população tendo em
vista o pagamento da dívida interna aos bancos e a aproximação com o
agronegócio.
- Foi subestimado o perigo neofascista ou o
neoliberalismo de direita (representado pela grande imprensa) tanto nas
eleições de 2014 como nas manifestações atuais. Houve ênfase na manifestação do
dia 11/07/2013 que teria como bandeira a reivindicação das reformas
estruturais: reforma agrária, contra as terceirizações, as privatizações, a
democratização dos meios de comunicação, entre elas.
- a esquerda e os movimentos populares estão se
manifestando nos bairros de periferia e o farão também na possível greve do dia
11/07. Enquanto isso a direita, através de sua mídia (a grande imprensa)
investe no fim do governo do PT para sepultar também a solução das demandas
populares nos serviços básicos as quais não serão resolvidas com o fim da PEC
37 ou o fim da corrupção ou o fim dos partidos políticos. Essa idéia é passada
pela grande mídia quando abraça temas para iludir a população.
Questionamentos:
- Como será o amanhã da população brasileira
tão castigada pelo grande capital há mais de 500 anos?
- Como viabilizar as demandas populares
derrubando um governo democrático e se iludindo com Blablarinas e Balbosas?
- Como fazer o povo entender que todos os que
falam no fim dos partidos são extremamente políticos e os salvadores da pátria
foram ditadores ou arremedo deles como Hitler, Mussolini, Collor,etc Já
conhecemos esse filme...
- Como reinventar a política com o povo
participando não somente para reivindicar, mas decidindo o que é melhor para
sua região e participando cotidianamente da coisa pública?
- Como adaptar os partidos de esquerda e os
movimentos populares para esse novo momento histórico de nossa sociedade
exercitando a democracia sem se deixar cooptar pela mídia golpista que
representa os interesses do capital?
A corrupção só será combatida quando o povo e
não apenas a classe média, assumir o seu papel no governo e nas decisões
municipais, estaduais e federais. Como organizar o povo ou como entender a sua
organização, para a sua auto-gestão da sociedade?
Um deputado ganha quase R$26.000,00. Um
procurador do município ou do estado ganha até mais do que isso, mas ninguém
reclama ou mexe com eles porque são do Poder Judiciário. Como democratizar o
poder judiciário e acabar com o poder vitalício dos juízes?
Comparando o salário dos deputados com a dívida
pública do governo federal de 600 bilhões com os bancos podemos entender que o
capital financeiro é que abocanha os créditos que poderiam ser investidos em
políticas públicas para saúde, educação , transportes, etc...
Não pagar essa dívida pública, investir o
dinheiro nos serviços básicos para a população, democratizar o judiciário, os
meios de comunicação e não somente bradar para baixar o salário dos deputados
seria uma medida consciente e conseqüente.
Por último um recado para as esquerdas:
O positivo do debato é que o vereador Toninho
do PSOL não é prepotente, sabe se posicionar e explicar suas idéias sem a
retórica grandiloquente das grandes lideranças acadêmicas de esquerda. Ele é
humilde ao se pronunciar, convincente em seu discurso e fala a língua do povo e
com o povo. É um acréscimo e um aprendizado para as esquerdas prepotentes.
Márcia D´Angelo historiadora
São Paulo, 03/07/2013
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