Terça, 26 de novembro de 2013
Desdobramentos da Conjuntura Indigenista:
GOVERNO INVESTE NA DESMOBILIZAÇÃO DOS
POVOS
"O governo federal dá sinais cada vez mais evidentes de que comanda as fileiras antiindígenas
na direção de dificultar e inviabilizar o reconhecimento e a demarcação das
terras indígenas e de abrir caminho para acelerar a exploração das terras demarcadas,
de forma especial por meio da implementação de empreendimentos de infra-estrutura e
geração de energia". O comentário é de Cleber César Buzatto, secretário executivo do
Cimi, em artigo publicado pelo Cimi, 25-11-2013.
Eis o artigo.
Representantes de setores do governo vem cumprindo tarefas de forma coordenada na
perspectiva de executar a estratégia definida no núcleo político instalado no Palácio do
Planalto, que envolve, além da presidenta da República, os ministérios da Casa Civil, da
Energia, da Agricultura e do Planejamento.
Em relação à questão fundiária, a tarefa vem sendo cumprida primordialmente pelo
Ministério da Justiça, na pessoa do ministro José Eduardo Cardoso. São dois os
instrumentos principais usados neste sentido, a saber, a moratória nas demarcações, com
flagrante desrespeito às normas legais vigentes, e a tentativa de alterar o procedimento de
demarcação de terras indígenas.
Mais de 20 processos de demarcação estão parados sobre a mesa do ministro a espera de
sua decisão acerca da assinatura de portarias declaratórias da tradicionalidade indígena
das respectivas terras. O decreto 1775/96 estabelece prazo de trinta dias para a tomada
de decisão pelo ministro. Há casos que aguardam essa decisão há anos. Da mesma forma,
diversos processos aguardam decretos de homologação por parte da Presidenta Dilma.
Sem interesse de resolver de fato a questão, o governo tem apostado na instalação das
chamadas “mesas de negociação” como forma de atenuar as cobranças por parte dos
povos.
Concomitantemente, em audiência na Comissão de Agricultura do Senado, no dia 21 de
novembro, Cardoso prometeu à bancada ruralista daquela Casa que editará uma portaria
com as novas regras de demarcação de terras indígenas no país “com acordo ou sem
acordo”. A intenção é a de atender demanda dos ruralistas que cobram participação de
órgãos públicos alinhados no procedimento de demarcação, a exemplo da Embrapa e do
Ministério da Agricultura. Nesse momento, o governo busca, desesperadamente, legitimar
essa iniciativa. Lideranças e organizações indígenas devem ficar atentas para não caír
Nenhum comentário:
Postar um comentário