sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Manifestações Médicas, Grande Mídia e Dívida Pública

Manifestações Médicas, Grande Mídia e Dívida Pública
Márcia D`Angelo
Guarujá, 01/08/2013

A chamada “classe médica” (sic) cuja categoria é apenas um setor retrógrado hiper corporativista e nunca uma classe sociológica especial, parece que atingiu seus objetivos com o recuo da presidenta Dilma Rousseff no tocante aos dois anos exigidos a mais nos cursos de medicina. Não contentes essa categoria antipatriota, elitista e avessa ao tratamento da população nos locais periféricos e rincões brasileiros, ainda quer investigações sobre o sistema de inscrição no Programa Mais Médicos que teria rejeitado vários CRMs alegando que o sistema é que teria emperrado as inscrições até para facilitar inscrições de médicos estrangeiros. Ora, para quem não quer distanciar-se de sua família nem depois de recém formados com salário de R$10.000,00 ou mais, que rejeita trabalhar com a população do Sistema Público de Saúde e que tem preconceito até com médicos cubanos cuja competência é  reconhecida internacionalmente, não é difícil supor que a sabotagem tenha ocorrido exatamente por parte dessa categoria que vergonhosamente ganhou as ruas das capitais brasileiras pedindo mais saúde e ao mesmo tempo se recusando a colaborar com ela. Possivelmente o boicote foi elaborado por ela mesma, haja vista que ser médico no Brasil sempre significou status, poder, ganância e nunca a dedicação ao povo brasileiro.
Por outro lado essa população rejeitada pela tão decantada “classe médica” obsoleta é tão carente de saúde e escolaridade que não tem condições de se organizar em grandes manifestações de massa contra essa classe social que não é somente médica, mas essencialmente burguesa e mercantilista, para não dizer capitalista. Os médicos que se manifestaram, consideram-se verdadeiros semideuses e contraditoriamente reclamam de laboratórios e equipamentos; mas a carência de infraestrutura deve-se então se somar á carência de médicos? Carência total? Semideuses não tem superpoderes? Se não querem trabalhar nos rincões deixem pelo menos os estrangeiros trabalharem. Na Inglaterra e na Suécia os recém formados em medicina trabalham dois anos no sistema público. Na Inglaterra há 40% de médicos estrangeiros.
Por outro lado, a grande mídia desinforma a população despolitizada e carente não esclarecendo os verdadeiros objetivos dessa classe média em ascensão através da medicina e cobre suas manifestações e seus argumentos como legítimos. O discurso da grande mídia é único e coeso com os interesses do capital e seus meandros respaldando, portanto, o discurso dos profissionais de medicina antipopulares. Nenhuma opinião contrária a tais interesses foi veiculada pela grande mídia para explicar à população o engodo que tais argumentos representam. É mais uma vertente da colaboração da grande mídia com os interesses das elites brasileiras para ideologicamente colocar o povo contra ele mesmo.
Quanto á dívida pública ela está diretamente relacionada às carências da população brasileira. Para cada 1 real que o governo federal gasta com a saúde, educação, transporte, saneamento, 4 reais vão para os bancos para pagar a famigerada dívida pública. Talvez 1trilhão e pouco de dívida pública para o PIB brasileiro não represente tanto assim comparando o Brasil (8.a economia do mundo) com outros países do capitalismo central, inclusive. Dívida pública para servir às demandas do serviço público é viável. Não é viável é a porção de leão que fica com os bancos devido à venda de títulos públicos para o governo federal cobrir o seu déficit. Ao invés de taxar as grandes fortunas, cobrar o imposto territorial das grandes propriedades dos endinheirados, o governo vende títulos públicos. Ao invés de arrecadar, o governo se endivida. Isso fora o grande sonegação que existe por parte do empresariado choroso dos muitos impostos. São 200 bilhões de juros que o governo paga aos bancos anualmente. Conforme sobem os juros a dívida total e anual é acrescida. Má administração financeira dirão alguns, muitos gastos com bancos dirão outros. As estatísticas respaldam uma e outra opinião. Há estatísticas para todos os gostos e principalmente as que mais fazem sucesso são aquelas elaboradas pelos mestres e doutores que tiveram formação em Harvard ou que foram alunos desses acadêmicos cuja opinião desaprova o governo em seus gastos públicos e justifica os juros bancários.
A verdade é que o governo deve mesmo é investir em saúde pública, educação, transporte, saneamento e em todos os projetos sociais para a população brasileira. Fazer uma série de reformas (fiscal, tributária, judiciária, educacional, na saúde, etc.) só possíveis com uma reforma política que o Congresso Nacional atual rejeita porque fere seus interesses. Teria que haver uma constituinte exclusiva para elaborar essa reforma política. Entretanto, o governo federal, através do Programa Mais Médicos, teria dado início a essas reformas no setor da saúde. Ocorre que esse programa está sendo rejeitado pela categoria médica brasileira por motivos estritamente pessoais, sem levar em consideração a abrangência social que essa iniciativa teria para a população brasileira nos mais afastados rincões e periferias ou mesmo em regiões próximas. Essa rejeição identifica os profissionais de medicina brasileiros com os valores, ideologia, filosofia de vida das elites brasileiras, embora no início de carreira eles  representem a classe média tradicional com sua forma peculiar e ansiosa de ascensão social através da exploração e rejeição dos mais carentes, haja vista que essa classe social é veiculadora da ideologia da classe dominante (banqueiros, empresários, latifundiários, grandes comerciantes).


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