Manifestações Médicas, Grande Mídia e
Dívida Pública
Márcia D`Angelo
Guarujá, 01/08/2013
A chamada “classe médica” (sic) cuja categoria é apenas um setor
retrógrado hiper corporativista e nunca uma classe sociológica especial, parece
que atingiu seus objetivos com o recuo da presidenta Dilma Rousseff no tocante
aos dois anos exigidos a mais nos cursos de medicina. Não contentes essa
categoria antipatriota, elitista e avessa ao tratamento da população nos locais
periféricos e rincões brasileiros, ainda quer investigações sobre o sistema de
inscrição no Programa Mais Médicos que teria rejeitado vários CRMs alegando que
o sistema é que teria emperrado as inscrições até para facilitar inscrições de
médicos estrangeiros. Ora, para quem não quer distanciar-se de sua família nem
depois de recém formados com salário de R$10.000,00 ou mais, que rejeita
trabalhar com a população do Sistema Público de Saúde e que tem preconceito até
com médicos cubanos cuja competência é
reconhecida internacionalmente, não é difícil supor que a sabotagem
tenha ocorrido exatamente por parte dessa categoria que vergonhosamente ganhou
as ruas das capitais brasileiras pedindo mais saúde e ao mesmo tempo se
recusando a colaborar com ela. Possivelmente o boicote foi elaborado por ela mesma,
haja vista que ser médico no Brasil sempre significou status, poder, ganância e
nunca a dedicação ao povo brasileiro.
Por outro lado essa população rejeitada pela tão decantada
“classe médica” obsoleta é tão carente de saúde e escolaridade que não tem
condições de se organizar em grandes manifestações de massa contra essa classe
social que não é somente médica, mas essencialmente burguesa e mercantilista,
para não dizer capitalista. Os médicos que se manifestaram, consideram-se
verdadeiros semideuses e contraditoriamente reclamam de laboratórios e
equipamentos; mas a carência de infraestrutura deve-se então se somar á
carência de médicos? Carência total? Semideuses não tem superpoderes? Se não
querem trabalhar nos rincões deixem pelo menos os estrangeiros trabalharem. Na
Inglaterra e na Suécia os recém formados em medicina trabalham dois anos no
sistema público. Na Inglaterra há 40% de médicos estrangeiros.
Por outro lado, a grande mídia desinforma a população
despolitizada e carente não esclarecendo os verdadeiros objetivos dessa classe
média em ascensão através da medicina e cobre suas manifestações e seus
argumentos como legítimos. O discurso da grande mídia é único e coeso com os
interesses do capital e seus meandros respaldando, portanto, o discurso dos
profissionais de medicina antipopulares. Nenhuma opinião contrária a tais
interesses foi veiculada pela grande mídia para explicar à população o engodo
que tais argumentos representam. É mais uma vertente da colaboração da grande
mídia com os interesses das elites brasileiras para ideologicamente colocar o
povo contra ele mesmo.
Quanto á dívida pública ela está diretamente
relacionada às carências da população brasileira. Para cada 1 real que o
governo federal gasta com a saúde, educação, transporte, saneamento, 4 reais
vão para os bancos para pagar a famigerada dívida pública. Talvez 1trilhão e
pouco de dívida pública para o PIB brasileiro não represente tanto assim
comparando o Brasil (8.a economia do mundo) com outros países do capitalismo
central, inclusive. Dívida pública para servir às demandas do serviço público é
viável. Não é viável é a porção de leão que fica com os bancos devido à venda
de títulos públicos para o governo federal cobrir o seu déficit. Ao invés de
taxar as grandes fortunas, cobrar o imposto territorial das grandes
propriedades dos endinheirados, o governo vende títulos públicos. Ao invés de
arrecadar, o governo se endivida. Isso fora o grande sonegação que existe por
parte do empresariado choroso dos muitos impostos. São 200 bilhões de juros que
o governo paga aos bancos anualmente. Conforme sobem os juros a dívida total e
anual é acrescida. Má administração financeira dirão alguns, muitos gastos com
bancos dirão outros. As estatísticas respaldam uma e outra opinião. Há estatísticas
para todos os gostos e principalmente as que mais fazem sucesso são aquelas
elaboradas pelos mestres e doutores que tiveram formação em Harvard ou que
foram alunos desses acadêmicos cuja opinião desaprova o governo em seus gastos
públicos e justifica os juros bancários.
A verdade é que o governo deve mesmo é investir em
saúde pública, educação, transporte, saneamento e em todos os projetos sociais
para a população brasileira. Fazer uma série de reformas (fiscal, tributária,
judiciária, educacional, na saúde, etc.) só possíveis com uma reforma política
que o Congresso Nacional atual rejeita porque fere seus interesses. Teria que
haver uma constituinte exclusiva para elaborar essa reforma política.
Entretanto, o governo federal, através do Programa Mais Médicos, teria dado
início a essas reformas no setor da saúde. Ocorre que esse programa está sendo
rejeitado pela categoria médica brasileira por motivos estritamente pessoais,
sem levar em consideração a abrangência social que essa iniciativa teria para a
população brasileira nos mais afastados rincões e periferias ou mesmo em
regiões próximas. Essa rejeição identifica os profissionais de medicina
brasileiros com os valores, ideologia, filosofia de vida das elites
brasileiras, embora no início de carreira eles
representem a classe média tradicional com sua forma peculiar e ansiosa
de ascensão social através da exploração e rejeição dos mais carentes, haja
vista que essa classe social é veiculadora da ideologia da classe dominante
(banqueiros, empresários, latifundiários, grandes comerciantes).
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