sábado, 24 de agosto de 2013

Grupo propõe pacto para criação de 150 mil vagas em creches de São Paulo

Grupo propõe pacto para criação de 150 mil vagas em creches de São Paulo

Matéria don Jornal Brasil de Fato
A ideia é que a prefeitura trace um plano para a expansão da rede de atendimento na educação infantil e a Justiça acompanhe a execução

23/08/2013


Um grupo formado por Ministério Público, Defensoria Pública, a ONG Ação Educativa, a Rede Nossa São Paulo e advogados especialistas na defesa de direitos sociais está propondo um pacto entre os poderes Executivo e Judiciário para a criação de 150 mil vagas em creches de São Paulo até 2016. A ideia é que a prefeitura trace um plano para a expansão da rede de atendimento na educação infantil e a Justiça acompanhe a execução desse plano, para que ele realmente saia do papel e com qualidade.
O objetivo do pacto é tentar dar uma solução definitiva para o déficit de vagas em creches. Até agora, segundo a advogada Alessandra Gotti, ações judiciais impetradas de forma individual têm garantido, ao longo dos últimos anos, o direito de acesso à educação de crianças de zero a três anos. Mas, como nem todos os pais procuram ou têm acesso à Justiça para reclamar esse direito, a medida acaba sendo isolada e paliativa. "O que a gente vê é simplesmente a alteração na ordem na fila de espera", analisou a advogada em entrevista coletiva a jornalistas, realizada na manhã desta terça-feira no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista.
A proposta é que o pacto seja selado em audiência convocada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para os dias 29 e 30 de agosto, configurando-se, assim, segundo a advogada, como uma 'mudança de estratégia'. "Não se pretende que o Judiciário substitua Executivo para determinar como a política pública deve ser feita. Ele vai entrar em um consenso com o Executivo sobre um plano. Uma solução dessa forma é mais realista. Se pauta por um acordo, um compromisso, que vai ser avaliado continuamente, com poder de sansão do Judiciário", disse.
Para o promotor João Paulo Faustinoni e Silva, que integra o Grupo Especial de Educação do (Geduc) do Ministério Público do Estado de São Paulo, a meta de se criar 150 mil novas vagas já estava prevista no Plano Nacional de Educação para 2011. Sendo, assim, possível de ser alcançada. E para Ananda Grinkraut, uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho Educação da Rede Nossa São Paulo, existem maneiras de a prefeitura custear esse aumento de oferta. “Será preciso um remanejamento de recursos. Há estudos que dizem que é possível. Vale lembrar que, no município de São Paulo, a Lei Orgânica previa, em 1989, a destinação de 30% do orçamento para a educação. A lei foi alterada e hoje são 25%. Uma ideia é alterar novamente. O Fundeb é uma perspectiva de recursos, além do ProInfância e Brasil Carinhoso", exemplificou.
O defensor público Luiz Rascovski disse que foi criado um setor especializado na Defensoria Pública de SP para atender às famílias que procuram por vaga. "Da 7 às 13h, se os senhores forem na Defensoria Pública, vão encontrar mães, pais, avós pedindo vaga em creche”, disse na coletiva. “Elas (mães) passam a narrar na mesa dos defensores seus dramas particulares. 'Estou sendo processada porque eu deixei meu filho em casa para trabalhar e ele sofreu abuso sexual', ou 'Meu patrão vai me mandar embora se eu não arrumar uma vaga em creche para deixar meu filho'", conta.
"O acesso à creche é um direito fundamental, uma obrigação do Estado. A criança de zero a três tem um processo muito especial, é muito dependente de nós, adultos, pai, mãe, tio, avô. Não basta os direitos inscritos na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Sem políticas públicas que tornem esses direitos realidade, nós não avançamos", observou Rubens Naves, advogado integrante do grupo, chamado Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Educação Infantil (Gtiei).

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