Luto das atrizes da Rede Globo e
embargos infringentes da teoria do domínio do fato
Márcia D`Angelo
20/09/2013 22:25
A atitude de algumas atrizes da Rede Globo (como Susana
Vieira, Nathália Timberg, Rosamaria Murtinho, Bárbara Paz e Carol Castro) não me surpreendeu,
ou seja, não é contraditório que a equipe da novela Amor à Vida manifeste os
seus valores, despolitização e alienação a todo momento e em qualquer
conjuntura. Considero a referida novela um retrocesso em termos de conscientização
histórica, política e cidadania, aliás nenhuma novela global nunca se propôs a
isso. Esse péssimo programa televisivo
colabora sim para o aprofundamento, no sentido maniqueísta, do indivíduo
consumidor e alienado que enxerga o semelhante como um rival a ser esmagado,
haja vista a sociedade competitiva e decadente que vivemos nesses tempos de
descenso do padrão produtivo toyotista/taylorizado do capital. Assisti a alguns
capítulos dessa historinha macabra quando estava na praia há um mês e fiquei
horrorizada com tantas articulações no sentido de caracterizar as pessoas de
variadas idades e classes sociais como essencialmente más, ambiciosas que se atiram em aventuras que vão desde o
desprezo por pessoas mais simples até o sequestro de crianças. São várias e
diuturnas mini conspirações que ilustram o entretenimento ou lazer alienado dos
trabalhadores e da classe média brasileira.
Se essas situações já existem em nossa sociedade capitalista periférica brasileira, com certeza elas são cada vez mais exacerbadas no cotidiano dos relacionamentos, pois o glamour da Rede Globo coloca no ar diariamente personagens sórdidas que introjetam cada vez mais essas valores e ideologia no povo brasileiro. Esse sintoma pode ser percebido, por exemplo, nas jovens que disputam o seu parceiro com outras mulheres de forma cada vez mais agressiva e dessa forma, enaltecendo a figura masculina em detrimento de mulheres inseguras e violentas. Se a arte imita a vida ou a vida imita arte não vem ao caso, pois o que se observa é que na impossibilidade de politizar o telespectador com temas mais pertinentes à nossa realidade social, econômica, cultural no sentido da transformação para uma sociedade baseada em valores mais humanitários, solidários, a Rede Globo aposta em novelas que, evitando a compreensão social, partem para uma análise maniqueísta das personalidades ou arquétipos considerados.
Se essas situações já existem em nossa sociedade capitalista periférica brasileira, com certeza elas são cada vez mais exacerbadas no cotidiano dos relacionamentos, pois o glamour da Rede Globo coloca no ar diariamente personagens sórdidas que introjetam cada vez mais essas valores e ideologia no povo brasileiro. Esse sintoma pode ser percebido, por exemplo, nas jovens que disputam o seu parceiro com outras mulheres de forma cada vez mais agressiva e dessa forma, enaltecendo a figura masculina em detrimento de mulheres inseguras e violentas. Se a arte imita a vida ou a vida imita arte não vem ao caso, pois o que se observa é que na impossibilidade de politizar o telespectador com temas mais pertinentes à nossa realidade social, econômica, cultural no sentido da transformação para uma sociedade baseada em valores mais humanitários, solidários, a Rede Globo aposta em novelas que, evitando a compreensão social, partem para uma análise maniqueísta das personalidades ou arquétipos considerados.
Isto posto, a postura das atrizes maduras da Rede Globo (com
exceção de Bárbara Paz e Carol Castro) só corroboram para uma distorção da
compreensão dos fatos políticos que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
A Ação Penal 470 (apelidada de mensalão
do PT, pois o do DEM e do PSDB a grande mídia nem cita) foi iniciada em ano
eleitoral tendo em vista a derrota do Partido dos Trabalhadores, mas o que se
observou é que na inexistência de provas materiais de que houvesse compra de
votos de deputados para que aprovassem inclusive um plano de governo que possibilitou inúmeros
benefícios sociais como a Bolsa Família
que tirou 40 milhões de brasileiros da miséria, o presidente do Supremo
o ministro Joaquim Barbosa, inventou a teoria do domínio do fato pela qual, se
houve algum ato incorreto, o responsável deveria ser o chefe do gabinete, da
empresa, da instituição.
Ora, foi dessa maneira, portanto, sem as devidas provas
regimentais, que foram condenados os envolvidos no caixa dois para que os
deputados aprovassem as medidas do governo Lula. Houve um estardalhaço , uma
espetacularização desse julgamento de exceção que ao invés de contribuir para
moralizar e acabar de vez com esse esquema de caixa dois que sempre existiu na
política brasileira, acabou por demonizar apenas o PT, caracterizando esse
partido como o maior corrupto da História, com certeza porque foi elaborado por
um operário e teve a adesão de sindicalistas, intelectuais de esquerda,
comunidades eclesiais de base e muitos ex-presos políticos. Todos
representantes da esquerda brasileira que a Rede Globo como grande imprensa
ajudou a delatar na ditadura civil-militar que assolou esse país de 1964 até
1985. Dessa forma, nada mais do que normal
as atrizes globais defenderem a ideologia dos filhos do Roberto Marinho (seus
patrões) e se posicionassem contra a reavaliação das penas aplicadas aos
condenados desse tribunal de exceção, como
o fez Celso de Mello e outros juristas no caso dos embargos
infringentes. Deve-se esclarecer que todo réu tem direito a esse recurso e que
é constitucional. Portanto essas artistas assim como a Rede Globo estão também
agindo contra a constituição do país, contra a democracia e portanto contra o povo e devem também ser avaliadas como componentes de uma mídia
ultrapassada, golpista e corrupta, uma vez que a Rede Globo deve mais de 1
bilhão para a Receita Federal dos impostos que sonegou. Em tempos de protestos
contra a Globo elas, as atrizes, podem se transformar em símbolos da corrupção
da mídia golpista e deveriam ser desmoralizadas enquanto profissionais, pois
estão cobrando lisura e seriedade política e ao mesmo tempo estão coniventes
com uma mídia perversa, antidemocrática, corrupta e monopolista.
Poderia me alongar e escrever sobre a Privataria Tucana, os
offshores nas Ilhas Virgens Britânicas para onde foi o dinheiro das
privatizações das empresas estatais brasileiras na era FHC em nome de Verônica
Dantas e Verônica Serra. Poderia mencionar o mensalão do PSDB com Eduardo Azeredo
e o Valerioduto em Belo Horizonte, o mensalão do DEM, o caso Cachoeira envolvendo
a Revista Veja e Globo, o Trensalão envolvendo cartéis bilionários já assumidos
pela Siemens, mas fico por aqui.
O correto seria evitar a Globo, denunciar a Globo, acabar com
a Rede Globo porque é somente com a democratização da mídia que poderíamos
efetivamente transformar o Brasil, viabilizando todas as reformas necessárias
para que a população brasileira tivesse serviços públicos de qualidade, reforma
agrária, urbana, tributária, universitária, fiscal e taxação de grandes
fortunas. São temas que jamais a grande mídia vai permitir que sejam divulgados
porque ideologicamente ela está a serviço do grande capital nacional e internacional e completamente contra o povo
brasileiro, razão pela qual novelas tão deprimentes, atrizes tão decadentes.
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