domingo, 29 de setembro de 2013

Equador apresentará denúncias contra a Chevron ao Tribunal Internacional de Haia

Equador apresentará denúncias contra a Chevron ao Tribunal Internacional de Haia

Matéria do Jornal Brasil de Fato

Governo encaminhará relatórios referentes aos danos ambientais provocados pela companhia durante os 26 anos em que explorou petróleo na Amazônia equatoriana
27/09/2013

 

 
O governo do Equador anunciou uma contraofensiva contra a transnacional petroleira estadunidense Chevron durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque (EUA). Segundo informou o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, até o fim deste ano, serão apresentados à Corte Penal Internacional de Haia relatórios referentes aos danos ambientais provocados pela companhia durante os 26 anos em que explorou petróleo na Amazônia equatoriana.
O anúncio foi feito apenas cinco dias depois que a própria Corte de Haia emitiu uma sentença em favor da Chevron e sua filial Texaco Petroleum Company (TexPet). Na avaliação do tribunal, a petroleira estadunidense não é responsável por nenhuma reclamação coletiva por danos ambientais, com base nos acordos de Liberação de Responsabilidades que o governo do Equador firmou com a TexPet em 1995 e 1998. Essa decisão respondeu a uma demanda da Chevron, de setembro de 2009, contra o Equador, baseada no Tratado Bilateral de Proteção de Investimentos entre EUA e Quito.
"O jogo acabou. Esse laudo ditado por um eminente tribunal internacional confirma que as reclamações fraudulentas contra a Chevron não deveriam ter sido apresentadas desde o começo. Agora, não resta dúvida de que os esforços dos advogados estadunidenses dos demandantes e do governo do Equador para executar essa sentença fraudulenta violam o direito equatoriano, estadunidense e internacional", afirmou Hewitt Pate, vice-presidente e conselheiro geral da Chevron através de um comunicado.
Nesta semana, durante a Assembleia da ONU, centenas de equatorianos residentes nos EUA foram até a sede da organização para apoiar o governo de seu país na luta contra a transnacional. Muitos sujaram as mãos de preto em referência ao presidente Rafael Correa, que, na semana passada, visitou a região contaminada pela Chevron, pegando com as mãos uma espécie de lama negra deixada pela empresa no solo da Amazônia. Os manifestantes pleitearam que em todo o mundo se deixe de consumir os produtos da petroleira, que se recusa a indenizar as pessoas afetadas.
Em 2011, a Corte Superior de Justiça de Sucumbíos, uma das províncias afetadas pela contaminação, condenou a petroleira a pagar uma multa de 19 bilhões de dólares por poluir a região da Amazônia. Patiño relatou que a atuação da Chevron deixou sequelas em cerca de 30 mil moradores da região. Em torno de 680 mil barris de óleo foram derramados nos rios, na flora e sobre a fauna das províncias de Orellana e Sucumbíos. Uma pesquisa realizada pelo governo constatou que a população dessa área tem três vezes mais câncer, e 147% mais abortos que os habitantes do restante do país. Mais de 80 mil análises comprovam a existência de produtos tóxicos no solo e na água.
Foto: Fernando Alvorado/ABr
 

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