21.10.2013
‘OU MUDAMOS OU MORREMOS’, ALERTA LEONARDO BOFF
Adital
Hoje vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal, nacional e
mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que quase nada funciona
a contento”. A opinião é do teólogo e professor Leonardo Boff, que escreveu artigo
recente para osite do Instituto Ethos.
Segundo Boff, a Terra está doente. "E como somos, enquanto humanos também Terra
(homem vem de humus=terra fértil), nos sentimos todos, de certa forma, doentes. A
percepção que temos é de que não podemos continuar nesse caminho, pois nos levará
a um abismo. Fomos tão insensatos nas últimas gerações que construímos o princípio
de auto-destruição. Não é fantasia holywoodiana”, observou.
De acordo com ele, a humanidade tem condições de destruir várias vezes a biosfera
e impossibilitar o projeto planetário humano. "Desta vez não haverá uma arca de Noé
que salve a alguns e deixa perecer os demais. Os destinos da Terra e da humanidade
coincidem: ou nos salvamos juntos ou sucumbimos juntos”, ressaltou Boff.
"Em primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas sociedades hoje
mundializadas, principal responsável por esse curso perigoso. É o tipo de economia
que inventamos. A economia é fundamental, pois, ela é responsável pela produção
e reprodução de nossa vida. O tipo de economia vigente se monta sobre a troca
competitiva. Tudo na sociedade e na economia se concentra na troca. A troca aqui é
qualificada, é competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios
subalternos ou desaparecem. O resultado desta lógica da competição de todos com
todos é duplo: de um lado uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos
e de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações”.
Para Boff, atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social. "Por
todas as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes erradicadas,
depredação dos recursos limitados da natureza e um ambiente geral de violência, de
opressão e de guerra”.
Individualismo x Cooperação
Um dos pontos mencionados pelo teólogo no artigo é que a grande maioria dos países
e das pessoas não cabe mais sob seu teto. "Agora esse tipo de economia da troca
competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer que ela penetre e se imponha.
Ela nos pode levar ao destino dos dinossauros”, comparou Boff.
Ao defender a ideia de que "ou mudamos, ou morremos”, Boff sugere como alternativa
uma nova racionalidade, por meio do princípio da cooperação (ele cita o livro de
Maurício Abdalla sobre o tema). "Se não fizermos essa conversão, preparemo-nos para
o pior. Urge começar com as revoluções moleculares. Comecemos por nós mesmos,
sendo seres cooperativos, solidários, com-passivos, simplesmente humanos. Com isso
definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a Terra”, conclui
Boff.
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