sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Esgotamento do Neodesenvolvimentismo e Novo Neoliberalismo

Esgotamento do Neodesenvolvimentismo e Novo Neoliberalismo

Márcia D`Angelo

11/10/2013

Existe uma confluência de opiniões entre intelectuais marxistas do naipe de André Singer, Ildo Sauer, Armando Boito, Paulo Arantes, Pablo Rieznik , Plínio de Arruda Sampaio Filho, Rui Castro, Wilson do Nascimento Barbosa e Francisco de Oliveira quando o assunto é crise do capital. Todos esses pensadores consideram que o capital sofre uma de suas piores crises até porque o aspecto econômico da crise como sabemos coloca em risco a própria vida do ser humano no planeta haja vista a hiperexploração das fontes energéticas, dos combustíveis fósseis, das reservas hídricas, do solo e subsolo assim como da atmosfera. Esses autores evidentemente não fazem uma análise ecológica dos efeitos e da crise do desenvolvimento do capitalismo atual. Eles analisam os seus efeitos mais no sentido da relação capital e força de trabalho no sentido de que o capital em crise tende a estagnar e procura desesperadamente uma resposta que de acordo com sua lógica somente é encontrada numa maior  extração da mais valia da classe trabalhadora, ou seja, uma maior exploração do trabalho não pago que historicamente é apropriado pelo capital para gerar sua acumulação. Isso significa que os esforços dos governos da periferia do capitalismo, no sentido de deter a onda neoliberal da década de 1990 poderá ser inviabilizado pelos desdobramentos dessa crise do capitalismo central que (leia-se EUA) para não entrar totalmente em bancarrota deve mexer na política monetária, atrair os capitais especulativos de volta à matriz, pressionar governos no sentido de uma ideologia neoneoliberal que vislumbre novas privatizações de setores estratégicos assim como a maior precarização das relações de trabalho.

Podemos já perceber essas tendências, tentando entender a atitude do governo brasileiro com o Campo de Libra na Bacia de Santos, a maior reserva de petróleo na camada pré-sal já encontrada no país que   pode produzir de 15, 50, 100, 200 até 300 bilhões de  bilhões de barris, com uma riqueza em dólares calculada em 1,5 trilhões. Ora, exatamente esse campo de Libra que representa 80% das reservas da Petrobrás vai ser objeto de leilão no dia 21 de outubro de 2013 por 15 bilhões de reais,  gerando o protesto de vários movimentos sociais e sindicatos. Considerado um atentado à soberania brasileira, uma vez que os recursos gerados seriam aplicados nos serviços básicos para a população cujo clamor das ruas deixou bem claro, a exploração dessa enorme reserva será leiloada para as grandes multinacionais petrolíferas, reservando para a Petrobrás uma minoria das ações. Essa possível privatização virá acompanhada de terceirizações no setor já que essas empresas não contratam trabalhadores próprios para maximizar lucros.

O governo deve utilizar esses 15 bilhões pagos pela empresa multinacional vencedora do leilão para pagar a dívida pública com os bancos, inviabilizando, portanto os investimentos para as politicas públicas como saúde, educação, saneamento. Se houver algo investido vai ser muito pouco e proporcional aos que será repassado aos estados e municípios. O grande argumento para privatizar o pré -sal é que a Petrobrás não teria como financiar os gastos com o refino do óleo. Ora, o BNDES existe exatamente para isso, para financiar projetos brasileiros para os interesses nacionais e o petróleo, assim como o nióbio (do qual possuímos as maiores jazidas do mundo) poderiam e deveriam contar com esses investimentos. A Petrobrás já gastou 200 bilhões de reais na prospecção das camadas de pré-sal para descobrir petróleo e as recentes denúncias de espionagem por parte dos EUA (e também da Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Guiné) poderiam provocar e com justiça o embargo dessa atitude antinacional de setores  entreguistas brasileiros que querem leiloar talvez a maior reserva de petróleo do mundo por uma bagatela de 15 bilhões. Jamais o nosso subsolo em terra ou no mar deve pertencer ao capital estrangeiro que no caso do pré-sal, faz parte de uma estratégia do capital financeiro transnacional para baixar os preços do petróleo, quebrar a OPEP e passar para suas mãos esses combustíveis fósseis retirados dos países detentores das jazidas e submetidos a pressões da geopolítica internacional gerando um monumental prejuízo. No caso do Brasil representa leiloar o Campo de Libra na Bacia de Santos por 15 bilhões, pagar a dívida pública com  os bancos e perder um patrimônio sem precedentes (1,5 trilhões), leiloando o país.


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