Esgotamento do Neodesenvolvimentismo e Novo
Neoliberalismo
Márcia D`Angelo
11/10/2013
Existe uma confluência de opiniões entre intelectuais
marxistas do naipe de André Singer, Ildo Sauer, Armando Boito, Paulo Arantes,
Pablo Rieznik , Plínio de Arruda Sampaio Filho, Rui Castro, Wilson do
Nascimento Barbosa e Francisco de Oliveira quando o assunto é crise do capital.
Todos esses pensadores consideram que o capital sofre uma de suas piores crises
até porque o aspecto econômico da crise como sabemos coloca em risco a própria
vida do ser humano no planeta haja vista a hiperexploração das fontes
energéticas, dos combustíveis fósseis, das reservas hídricas, do solo e subsolo
assim como da atmosfera. Esses autores evidentemente não fazem uma análise
ecológica dos efeitos e da crise do desenvolvimento do capitalismo atual. Eles
analisam os seus efeitos mais no sentido da relação capital e força de trabalho
no sentido de que o capital em crise tende a estagnar e procura
desesperadamente uma resposta que de acordo com sua lógica somente é encontrada
numa maior extração da mais
valia da classe trabalhadora, ou seja, uma maior exploração do trabalho não
pago que historicamente é apropriado pelo capital para gerar sua acumulação.
Isso significa que os esforços dos governos da periferia do capitalismo, no
sentido de deter a onda neoliberal da década de 1990 poderá ser inviabilizado
pelos desdobramentos dessa crise do capitalismo central que (leia-se EUA) para
não entrar totalmente em bancarrota deve mexer na política monetária, atrair os
capitais especulativos de volta à matriz, pressionar governos no sentido de uma
ideologia neoneoliberal que vislumbre novas privatizações de setores
estratégicos assim como a maior precarização das relações de trabalho.
Podemos já perceber essas tendências, tentando
entender a atitude do governo brasileiro com o Campo de Libra na Bacia de
Santos, a maior reserva de petróleo na camada pré-sal já encontrada no país que pode produzir de 15, 50,
100, 200 até 300 bilhões de bilhões
de barris, com uma riqueza em dólares calculada em 1,5 trilhões. Ora,
exatamente esse campo de Libra que representa 80% das reservas da Petrobrás vai
ser objeto de leilão no dia 21 de outubro de 2013 por 15 bilhões de reais, gerando o protesto de vários
movimentos sociais e sindicatos. Considerado um atentado à soberania
brasileira, uma vez que os recursos gerados seriam aplicados nos serviços
básicos para a população cujo clamor das ruas deixou bem claro, a exploração
dessa enorme reserva será leiloada para as grandes multinacionais petrolíferas,
reservando para a Petrobrás uma minoria das ações. Essa possível privatização
virá acompanhada de terceirizações no setor já que essas empresas não contratam
trabalhadores próprios para maximizar lucros.
O governo deve utilizar esses 15 bilhões pagos pela
empresa multinacional vencedora do leilão para pagar a dívida pública com os
bancos, inviabilizando, portanto os investimentos para as politicas públicas
como saúde, educação, saneamento. Se houver algo investido vai ser muito pouco
e proporcional aos que será repassado aos estados e municípios. O grande
argumento para privatizar o pré -sal é que a Petrobrás não teria como financiar
os gastos com o refino do óleo. Ora, o BNDES existe exatamente para isso, para
financiar projetos brasileiros para os interesses nacionais e o petróleo, assim
como o nióbio (do qual possuímos as maiores jazidas do mundo) poderiam e
deveriam contar com esses investimentos. A Petrobrás já gastou 200 bilhões de
reais na prospecção das camadas de pré-sal para descobrir petróleo e as
recentes denúncias de espionagem por parte dos EUA (e também da Inglaterra,
Canadá, Austrália e Nova Guiné) poderiam provocar e com justiça o embargo dessa
atitude antinacional de setores entreguistas
brasileiros que querem leiloar talvez a maior reserva de petróleo do mundo por
uma bagatela de 15 bilhões. Jamais o nosso subsolo em terra ou no mar deve
pertencer ao capital estrangeiro que no caso do pré-sal, faz parte de uma
estratégia do capital financeiro transnacional para baixar os preços do
petróleo, quebrar a OPEP e passar para suas mãos esses combustíveis fósseis
retirados dos países detentores das jazidas e submetidos a pressões da
geopolítica internacional gerando um monumental prejuízo. No caso do Brasil
representa leiloar o Campo de Libra na Bacia de Santos por 15 bilhões, pagar a
dívida pública com os
bancos e perder um patrimônio sem precedentes (1,5 trilhões), leiloando o país.
Postado por Marcia D'Angelo às 20:19 Nenhum
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