terça-feira, 15 de outubro de 2013

Os ESTADOS UNIDOS são o maior devedor do mundo

Sexta, 11 de outubro de 2013

Os ESTADOS UNIDOS são o maior devedor do mundo 

Matéria da ALAI (América Latina en Movimiento)
Julio C. Gambina - tradução: André Langer

O governo dos Estados Unidos está com problemas. Começou o mês de outubro e
seu ano fiscal sem orçamento aprovado, o que significa mandar para casa, com férias
antecipadas, 800.000 trabalhadores estatais. Embora o governo tenha se comprometido a
pagar esses salários, a incerteza da política interna ao poder governamental dos Estados
Unidos desloca-se para os trabalhadores e suas famílias.
A reportagem é de Julio C. Gambina, presidente da Fundação de Pesquisas Sociais e
Políticas, de Buenos Aires, e publicada no sítio ALAI, América Latina en Movimiento,
10-10-2013. A tradução é de André Langer.
A discussão se dá em relação aos 40 bilhões de dólares de um orçamento que reitera,
pelo quarto ano consecutivo um déficit fiscal de 1,5 bilhão de dólares, o que explica uma
dívida pública estadunidense de 16,7 bilhões de dólares, ultrapassando o limite de
endividamento permitido. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou
que o estoque da dívida chega a 16.747.468.940.509; o teto autorizado pelo Congresso
era de 16.699.421.095.673 dólares. O governo ultrapassou em 48 bilhões de dólares o teto
aprovado pelo Congresso daquele país.
Podemos afirmar que este é o problema financeiro dos Estados Unidos. Sendo a maior
potência mundial do capitalismo é um Estado falido, sem recursos próprios e que necessita
do financiamento do mundo. O prazo para obter a autorização parlamentar de extensão
da sua capacidade de endividamento vence no dia 17 de outubro. O governo de Obama
conta com essa extensão e também com a confiança de que o mundo continuará a confiar
no dólar e no Tesouro dos Estados Unidos e, portanto, continuará comprando bônus
públicos com a garantia de pagamento “Made in USA”. Não em vão o Federal Reserve
dos Estados Unidos emite todos os meses 85 bilhões de dólares para o resgate da sua
economia, o epicentro da crise mundial. São dólares que inundam o mercado mundial e
alimentam um novo ciclo da bolha financeira que sempre explode para prejuízo de setores
subalternos, nos Estados Unidos e no mundo.
As negociações argentinas em Washington
Enquanto isso acontece na potência imperialista, a Argentina mantém aberta negociações
em Washington com impacto na própria dívida pública local. Por um lado, a Suprema
Corte estadunidense não assume tratar a apelação realizada pelo governo argentino contra
a sentença de pagamento de 100% apresentada por devedores externos, aprovado em
primeira e segunda instância em Nova York. A ação diz respeito a cerca de 1,3 bilhão
de dólares e constituirá antecedente para outras demandas de cerca de 10 bilhões de dólares e consequências do aumento de créditos sobre o universo de credores ingressados
nas trocas da dívida de 2005 e 2010. Por outro lado, o CIADI (Centro Internacional para
Arbitragem de Disputas sobre Investimentos) denuncia o país pelo cumprimento de
sentenças que chegam a 500 milhões de dólares. São ações realizadas por transnacionais
que se sentiram lesadas pelo câmbio da política cambial no começo de 2002. Como se
fosse pouco, em Washington, o FMI pressiona para avaliar mudanças nos mecanismos
de medição do INDEC (Instituto Nacional de Estatística e Censos), segundo o acordo
oportunamente assinado pelo organismo e pelo governo local.
Que lições se pode tirar desta situação?
Está claro o papel hegemônico dos Estados Unidos e sua capacidade para transferir
a crise para o sistema mundial. Os Estados Unidos tornaram-se potência no final da
segunda guerra, como grande credor do mundo. Desde então, protagonizou o apogeu
da dominação mundial inundando de bases e programas militares o planeta, invasões e
operações secretas e abertas, socializando o financiamento da ação terrorista.
Nossa pergunta é se o mundo deve continuar a financiar o terrorismo de Estado, e mais
ainda, se deve apoiar a institucionalidade que habilita o poder global dos Estados Unidos.
Claro que nos remetemos à ordem financeira mundial e ao papel dos organismos em
que os Estados Unidos decidem, como é o caso do FMI e do Banco Mundial com suas
agências e anexos, que é o caso do CIADI. A Argentina deve sair do CIADI, assim como
o fizeram países da América do Sul, como a Venezuela, a Bolívia e o Equador. Deve
inclusive considerar o fato de que o Brasil nunca aderiu ao protocolo do CIADI. O Equador
está organizando uma Comissão Internacional para considerar a denúncia dos tratados
bilaterais que prendem esse país à pressão das transnacionais sobre a “segurança jurídica”
dos seus investimentos. É o caminho que já resultou em auditoria e investigação da dívida
pública para determinar porções de ilegitimidade.
Enquanto os Estados Unidos fecham o seu governo devido a disputas políticas em seu
interior e a administração de Obama negocia autorização para ampliar o endividamento
público, os países com pretensão de autonomia deveriam desvincular-se de uma
instituição que alimenta a degradação estadunidense, que em seu desespero só atina a
aumentar seu papel de polícia do mundo à custa de uma dívida cujo custo é descarregado
sobre os pobres dos Estados Unidos e do mundo

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