terça-feira, 22 de outubro de 2013

DESTAQUES DO LEILÃO LIBRA DA BACIA DE SANTOS PRÉ-SAL

DESTAQUES DO LEILÃO LIBRA DA BACIA DE SANTOS
PRÉ-SAL
2013-10-21
Luciano Marini

- Prejuízo de 60% das reservas de Libra estarão em mãos estrangeiras
- A entrada de empresas transnacionais não ajudam a economia
brasilera, porque o investimento não é feito aqui
- A Shell, grande vencedora do consórcio, fará o que tem feito até agora: não vai
comprar navios brasileiros, não vai investir em petroquímica ou no refino e ainda
precarizará as relações de trabalho, como já faz, com a contratação praticamente
total de terceirizados para fazer um trabalho que deveria ser responsabilidade da
própria empresa, colocando em risco também meio ambiente e comunidades.
- “Na teoria, a Petrobrás será responsável pela produção. Na prática,
porém, 60% do controle estão em mãos estrangeiras. Portanto, a lógica
de extração, produção e investimento será estrangeira.”
- Serve como propaganda política.
- Os trabalhadores da Petrobras estavam em greve.
- Serve como atração de investimentos estrangeiros.
- O leilão foi vendido pelo seu valor mínimo de 15 bilhões.
- Presidente Dilma afirmou que não foi uma privatização.
- Houve só um grupo que se candidatou na compra do leilão:
1. Brasil com a PETROBRAS= 40%
2. França com a TOTAL 20%
3. Inglaterra com a SHELL 20%
- China com CNPC e CNDOC 20% co m 10% cada.
- O PSDB em 06 de maio de 1997 privatizou a Vale.
- A pressa do governo teria aumentado após as jornadas de junho que pediram
investimentos em saúde e educação, mas há dúvidas.
- Entregar Libra e petróleo da mais alta qualidade e de custo mais barato para
extração é abrir mão de soberania em área estratégica.
- Na opinião de Ildo Sauer, ex-diretor executivo da Petrobras, em entrevista
exclusiva ao IHU, “nenhum país do mundo faz o que o Brasil está fazendo:
leiloar aos poucos o acesso da produção de petróleo de campos cujo total é
desconhecido”.
- A riqueza de Libra é avaliada em R$ 3 trilhões.
- Na opinião de Heitor Scalambrini Costa, "a entrega do petróleo que a ANP
está patrocinando fere o princípio da soberania popular e nacional sobre a nossa
importante riqueza natural que é o petróleo, chegando a se constituir em crime de
lesa pátria".
- O governo não fala sobre isso, mas endossa que uma das razões para
a ‘privatização’ é de que a Petrobrás não reúne sozinha as condições para bancar
a empreitada, ou seja, o aporte de investimentos necessários que, entre outros,
exigirá a ampliação de plataformas refinarias, terminais, navios, etc- Em torno de 25 plataformas será necessárias, atualmente o país tem 34 operando.
O custo de cada uma dessas plataformas oscila entre três a quatro bilhões de
dólares.
- O argumento, porém, mais forte do governo para privatizar Libra é que conseguirá
arrecadar rapidamente recursos para investir na área social e assim dar uma
resposta concreta às jornadas de junho que sacudiram o país.
- As manifestações das ruas pediram pressa na melhoria dos serviços públicos
de saúde, educação e transporte. Foi esse o recado dado pela presidenta Dilma
Rousseff no mês passado, ao sancionar a lei que destina recursos dos royalties do
petróleo para a saúde. Disse ela: “Isso significa R$ 112 bilhões nos próximos dez
anos, e do Fundo Social só do Campo de Libra a gente calcula algo em torno de R$
368 bilhões nos próximos 35 anos”, destacou a presidenta. “Com essa opção que
nós fazemos pela educação de qualidade, nós vamos tornar irreversível o processo
de redução das desigualdades em nosso país”, afirmou.
- Segundo Sauer, “é um absurdo que um país, sem saber quanto tem de petróleo,
coloque em leilão um campo com essa gigantesca dimensão de petróleo”.
- Na avaliação de Francisco José de Oliveira, diretor da Federação Única dos
Petroleiros (FUP), os recursos prometidas pelo governo com o leilão "são uma
gorjeta”. Segundo ele, “é um absurdo vender isso. O governo afirma que vai
investir em educação e saúde, e que vai arrecadar R$ 15 bilhões com o leilão.
Mas isso é uma gorjeta perto da riqueza que existe no campo. A sociedade não
participou do debate sobre o tema
- Na opinião dos movimentos a pressa além da míope é ainda inimiga da soberania.
- A interpretação dos movimentos sociais é de que ao invés de buscar o caminho de
fortalecimento da Petrobras e da consolidação de um setor nacional numa área
estratégica como a energética, o governo opta em abrir flancos para a exploração
do capital multinacional que nada deixa por aqui, uma vez que remete os seus
ganhos para o exterior.
- O Brasil, diz ele, “não sabe se tem 50 bilhões, 100 bilhões ou 300 bilhões de barris.
Se o país tiver 100 bilhões, estará no grupo de países de grandes reservas, se
tiver 300 bilhões, será o dono da maior reserva do mundo, porque 264 bilhões é o
volume de barris da Arábia Saudita. A Venezuela passa disso, se formos considerar
o petróleo ultrapesado. De petróleo convencional normal, a Venezuela se encontra
no patamar de 80 a 120 bilhões de barris, onde se encontra a Líbia, o Iraque, o Irã,
os Emirados Árabes, que são os países do segundo bloco”.
- Para Sauer, ex-diretor executivo da Petrobras, “o governo brasileiro parece
não entender a dimensão do problema, ou, por ingenuidade, por incompetência,
está cometendo algo que chamo de crime de responsabilidade contra o interesse
nacional ao iniciar o processo de leilão; ou seja, a maior privatização da história do
país, muito superior a todas as privatarias dos governos anteriores, em um lance
só”.- Há ainda outro aspecto relacionado ao tema da soberania. A geração e distribuição
de riqueza na forma de empregos. Com a privatização de Libra, empregos deixarão
de ser gerados. Segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros
(FUP), João Antônio de Moraes, “o petróleo deve ser entendido como riqueza,
como alavanca do desenvolvimento, gerador de empregos nas plataformas,
refinarias, terminais, na fabricação de navios e de derivados. Não podemos permitir
sua exploração como foi a de outros recursos naturais, como o pau-brasil e o ouro, e
o ferro, hoje”, diz ele.
- Essas empresas, além de exportar tudo o que produzem, não geram empregos
aqui, nem movimentam a indústria nacional, como faz a Petrobras, destaca a FUP
(Federação Única dos Petroleiros).
- Além disso, diz a FUP, “a privatização do petróleo é quase um sinônimo para a
terceirização do trabalho.
- O conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, Paulo Metri afirma:
“entregar 70% da reserva conhecida deste campo a empresas estrangeiras, que
sempre exportarão suas produções sem adicionar valor algum, nunca contribuirão
para o abastecimento do país, dificilmente contratarão plataformas no Brasil, o item
de maior peso nos investimentos, não gerarão muitos empregos aqui, não pagarão
impostos, graças à lei Kandir, e só pagarão os royalties e uma parcela combinada do
lucro é o exemplo máximo da desfaçatez”.
- Quem está de olho em Libra são os chineses. Eles se apresentaram em peso para
o leilão. A China, locomotiva do crescimento mundial é insaciável na busca por
energia para atender os padrões do seu crescimento.
- Comenta Ildo Sauer: “O governo do PT, que foi eleito se contrapondo às
privatizações e à privataria anterior, está agora promovendo o maior leilão da
história”.
- Depois do desmedido aliancismo, depois da flexibilização do Código Florestal,
depois da destruição da política de demarcação de terras indígenas, depois do
esvaziamento da Reforma Agrária, agora a privatização de Libra. Fica a pergunta:
O que resta de esquerda no PT?
- "O governo se faz surdo aos clamores. Os cinta larga não existem, resistem. Se
o governo do Brasil não tomar vergonha na cara, não tardará e o barril de pólvora
explodirá de novo e muitos morrerão” - Reginaldo Trindade, procurador da
República em Rondônia – Folha de S. Paulo, 19-10-2013.
- Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros

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