domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tormentas À Vista?

TORMENTAS À VISTA?
A luz amarela começa a piscar...
Após Honduras e Paraguai destituírem presidentes legitimamente eleitos, simplesmente porque estes não contavam com maioria nos respectivos congressos nacionais para impedirem uma ação golpista, pergunta-se até que ponto a receita não poderia ser aplicada ao Brasil?
Faz mais de um ano que alerto para isto, assim como outros que estão por aí avaliando as novas formas de golpismo em curso contra governos de pequenos Estados, como Honduras, mas também de importantes nações emergentes.
E diante da hostilidade que vai dividindo as pessoas, fica a pergunta: a quem interessa o clima de radicalismo e intolerância que vai sendo fabricado no interior da sociedade? E que tem como alvo a ela mesma?
Mas, de forma preocupante, a esquerda governista brasileira ou parece não compreender a evolução destes processos ou simplesmente não sabe como lidar com os mesmos.
Da mesma forma, a esquerda oposicionista não parece compreender que o alvo não é o governo Dilma, como não o eram Jango e Getúlio Vargas, comportando-se de forma a criar ainda mais acirramento e fragmentando às forças sociais, as mesmas que deveriam estar colaborando entre si neste momento em que a situação vai agravando-se de forma perigosa.
A conclusão sobre o comportamento desanimador da esquerda governista e o belicismo da esquerda oposicionista não pode ser outra, diante das suas mútuas incapacidades em compreender as razões por trás da escalada despropositada e permanente de acusações infundadas e boatos espalhados, que não atingem apenas ao governo, mas aos valores democráticos, criando o clima social para uma intervenção não democrática.
Neste sentido, a nossa analista aqui na página, a Carla Mabel, chamou a atenção de forma correta de que no caso do governo Collor este favoreceu a situação de sua própria destituição ao abrir conflito com a população trabalhadora e as classes médias, através do confisco das economias depositadas nas cadernetas de poupança.
No presente caso, não há ações do governo que justifiquem o clima de histeria e de provocações (ao contrário, as políticas de inclusão e de expansão dos serviços públicos são favoráveis ao governo, como a ampliação da rede de atendimento universitário ou a cobertura ambulatorial viabilizada pelo Mais Médicos, por exemplo). E se não há ações do governo que justifiquem o clima de histeria e de provocações, a crise tem que ser fabricada de forma artificial e cotidianamente alimentada.
Faz-se de tudo como mecanismo de difamação, até o absurdo de compartilhamentos de fotos com a bandeira brasileira a meio mastro serem apontadas como luto nacional decretado pela presidente devido a execução de um traficante na Indonésia. Nada mais absurdo. Mas se há pessoas dispostas a crer nisto, se uma parcela importante da população acredita nisto ou fica satisfeita ao ver a vitória de um salafrário como Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, é porque esta campanha de desestabilização contra o governo colhe resultados concretos.
Abrindo, assim, espaço para um imaginário de que o país estaria melhor sem a presença do grupo legitimamente eleito para governá-lo, mesmo que o custo desta remoção possa jogar o Brasil em uma situação dramática, caótica e de risco extremo.
O instrumento de criação deste clima pessimista é a guerra de propaganda, idealizada a partir da frase cínica e célebre de Joseph Goebbels (ministro da propaganda da Alemanha nazista), de que uma mentira propagada de forma convincente e martelada permanentemente cria vida e passa a ser aceita como se fosse uma verdade inquestionável.
Como em 1964, quando três anos sucessivos de mentiras trabalhadas no melhor estilo pregado por Goebbels levaram uma parte importante da população brasileira a acreditar que qualquer coisa, até mesmo o autoritarismo, era melhor do que um governo que fazia o país crescer mais do que qualquer outro, gerava empregos e renda e tentava promover reformas sérias e profundas no sistema de ensino nacional, por exemplo.
É a Full Spectrum War em andamento, como alertou-se em outro post, coordenada aqui na terrinha brasileira pelas mesmas forças externas que articularam a deposição do governo Lugo no Paraguai, valendo-se para isto apenas do fato de que ele não tinha apoio parlamentar para impedir o golpe. Os motivos alegados para a destituição do presidente Lugo foram ridículos, mas a manipulação promovida pelos grupos que controlam à mídia paraguaia tratou de mascarar às razões que levaram a intervenção golpista.
Até a embaixadora dos EUA (Liliana Ayalde), naquele momento servindo no Paraguai, é a mesma que hoje representa ao governo norte-americano aqui no Brasil - isto em meio a uma crescente campanha de desestabilização política, acirramento social e espionagem internacional maciça promovida pela NSA.
Deste modo, uma coisa não pode ser furtada ao nosso raciocínio... Ou esta senhora é muito competente naquilo que faz! Ou é a esquerda governista que não consegue perceber a situação que vai se criando e promover ações que neutralizem o clima golpista que vai sendo armado. Enquanto que a esquerda oposicionista não está ajudando, como não ajudou em 1954 (golpe contra o Brasil e não apenas contra Vargas) e nem em 1964 (golpe contra o Brasil e não apenas contra Jango).
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  • Marcia D Angelo
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