sábado, 28 de fevereiro de 2015

Saturnino: o que eles querem além do pré-sal Querem apequenar a desenvoltura que o Brasil tomou na América do Sul, na África e na aliança dos Brics.

Publicado em 28/02/2015
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim

Saturnino: o que eles
querem além do pré-sal

Querem apequenar a desenvoltura que o Brasil tomou na América do Sul, na África e na aliança dos Brics.
O Conversa Afiada reproduz da Carta Maior artigo do nacionalista e grande brasileiro Saturnino Braga:

AS INTENÇÕES DA OFENSIVA CONTRA A PETROBRAS



A ofensiva demolidora que ora desaba sobre a Petrobras pretende, no imediato, a tomada dos campos do pré-sal. Vai muito além, todavia.


por Saturnino Braga

A Petrobras tem uma história rica e densa, de mais de sessenta anos, que a faz, indiscutivelmente, um símbolo do desenvolvimento do Brasil ou, mais que isso, um símbolo da própria Nação Brasileira.

Desde o tempo primeiro, quando a melhor técnica do mundo afirmava que o Brasil não tinha petróleo, até a fantástica descoberta do pré-sal, passando pelos primeiros campos da Bahia e pelos da Bacia de Campos, o êxito incontestável e brilhante, exclusivo da Empresa, das suas equipes técnicas e administrativas, constituiu-se numa vitória exemplar que se erigiu em um verdadeiro símbolo da capacidade brasileira, da competência técnica e gerencial dos brasileiros, um símbolo do Desenvolvimento do Brasil. Um símbolo, sim, da afirmação nacional capaz de silenciar o cantochão derrotista dos que nunca acreditaram no Brasil, e acachapar o grupo dos espertos que se associaram aos interesses da dominação, nutrida do atraso do País.

A Petrobras é muito mais do que a nossa maior empresa, a maior empresa da América Latina, uma das maiores do mundo; é um símbolo que esplende como um atestado firme da capacidade empreendedora e científico-tecnológica dos brasileiros.

É símbolo também da luta histórica, da luta política da afirmação nacional, uma luta que arregimentou multidões para enfrentar poderes gigantescos, e que venceu: a Petrobras é o símbolo do nacionalismo brasileiro.

A ofensiva demolidora que ora desaba sobre ela pretende, no imediato, a tomada dos campos do pré-sal. Vai muito além, todavia, e visa a apequenar a desenvoltura que o Brasil tomou no mundo: na América do Sul, na África e na aliança dos Brics, esta que abre uma nova alternativa de desenvolvimento capaz de superar aquela imposta pelo grande capital através do Banco Mundial e do FMI.

Esses objetivos ficam evidentes diante da gritante desproporção entre a massa de denúncias desfazedoras produzidas, ampliadas e trombeteadas diariamente pela grande mídia, e o real conteúdo de toda essa barulhada.

Houve corrupção na empresa? Sim, inegavelmente, e é indispensável que seja apurada e punida. É de agora essa corrupção? Não; as mesmas denúncias mostram que é antiga; só cresceu muito nos últimos anos. Descoberta só agora toda esta ladroagem, por quê?

Primeiro porque cresceu muito, cresceu com o próprio movimento financeiro da Empresa e tronou-se obviamente mais visível.

Segundo, porque o empenho em combater a corrupção também cresceu nos últimos anos, com o afastamento dos engavetadores e com a liberdade de atuação dada à Polícia Federal. Prova deste avanço é o número recorde de desbaratamentos de quadrilhas de roubo e fraude que atuavam no País.

Mas há um terceiro fator importante: a espionagem sofisticada que se concentrou sobre a Petrobras depois da aprovação da Lei do Pré-sal e começou a enviar drones, vindos não se sabe de onde, com mensagens informativas para a nossa “mídia investigativa”.

Bem, é mais um episódio desta luta histórica que criou e desenvolveu a Petrobras, que fez dela um símbolo nacional tão importante quanto a nossa bandeira e o nosso hino, um símbolo mais consistente porque construído sobre o esforço e a competência do trabalho dos brasileiros. É mais um episódio que, como os outros, será vencido pelos brasileiros, que já se mobilizam para o enfrentamento.

Registro, com orgulho, a bela e enérgica iniciativa tomada pelo Clube de Engenharia em conjunto com outras entidades brasileiras de grande prestígio: a Aliança pelo Brasil.

Venceremos, com certeza; e o símbolo ganhará mais força e mais brilho, para continuar iluminando e balizando o desenvolvimento do Brasil.
_________
Roberto Saturnino Braga, 83, é engenheiro. Com votos da cidade e do estado do Rio de Janeiro elegeu-se vereador, prefeito, deputado federal e senador da República.



Leia também:

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CERRA CONFESSA: QUER VENDER A PETROBRAX !



O QUE É BOM PARA A CHEVRON NÃO É BOM PARA O CERRA!



COMENTÁRIOS

  • oziel f.´albuquerque
    Esta extrema direita representada pela globo e o PSDB, querem derrubar o governo para entregar as riquezas do país aos americanos.

Brincadeira ? Dilma dá uma banana ao Levy “Desoneração” vai e volta, Levy …

Publicado em 28/02/2015
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim

Brincadeira ? Dilma
dá uma banana ao Levy

“Desoneração” vai e volta, Levy …
"Banana, menina, tem vitamina ..."

A propósito do post “aqui a Dilma começou mal”, o Conversa Afiada reproduz entrevista da Presidenta Dilma no Uruguai:​


Jornalista: Podemos celebrar então essa parceria com Uruguai como estratégica? E vai beneficiar de que forma o Brasil, presidente?
Presidenta: Vai beneficiar o Brasil e o Uruguai. E trata-se da integração do sistema elétrico. Veja você que junto com esses cataventos, esses moinhos de vento, como dizem os uruguaios, nós vamos ter também uma linha de transmissão que vai permitir que, no Brasil e no Uruguai, nós construamos um sistema interligado de geração de energia que vai dar mais segurança para as nossas populações e uma energia de melhor qualidade e mais barata.


Jornalista: Mais barata.
Presidenta: É. E nós temos sempre que olhar aqui, a América Latina, e olhá-la como um continente. Um continente que pode ser integrado por várias nações e por sistemas comuns, como é o de energia elétrica.


Jornalista: Isso é bom num momento de recessão, de ameaça de recessão, de falta de chuva, de falta de água, de falta de energia?
Presidenta: Veja, aqui está sobrando água. No Rio Grande Sul, em todo o Sul do Brasil, está sobrando água. No Sudeste está faltando água, no Nordeste está faltando água, no Norte do Brasil tem água. Então o que eu quero dizer com isso? Que se você, cada vez mais, interligar essas regiões, criar redes de transmissão que levem energia de um lado para o outro, melhora. No passado, quando nós começamos esse processo, tinha água no Brasil e faltava água na Argentina e no Uruguai. Agora, inverteu. Então o que nós temos de ter é uma ação conjunta comum, para garantir que haja um sistema elétrico latino-americano de qualidade.


Jornalista: Presidente, qual a sensação de passar o último dia com o presidente Mujica?
Presidenta: A minha sensação é uma sensação, eu vou te dizer, estratégica porque eu acredito que o presidente Mujica representa o que há de melhor na América Latina. Uma liderança com compromisso com seu povo e com todo o povo Latino Americano. E ao mesmo tempo uma pessoa encantadora, como vocês já viram aqui. Uma pessoa que está à frente do seu tempo, e isso é algo muito importante porque um país e um continente se desenvolvem se tem utopias. E o presidente Mujica é um presidente que tem a realidade e a utopia compartilhadas.


Jornalista: É utopia pensar que o Brasil vai sair logo desses ajustes fiscais que estão sendo feitos, sair logo dessa crise?
Presidenta: Pode ter certeza que o Brasil vai sair dessa crise, vai sair ainda mais forte. Até porque o Brasil tem fundamentos sólidos. Nós passamos por dificuldades conjunturais. E isso garantirá que o país sairá um outro patamar, podendo continuar a crescer, garantindo os empregos que nós criamos e garantindo a renda que nós conquistamos.


Jornalista: A desoneração da folha foi grosseira, como disse o ministro Joaquim Levy, presidente? Como é que a senhora avalia essa declaração dele?
Presidenta: A desoneração da folha, ela foi importantíssima e continua sendo. Se ela não fosse importante, nós tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo. Agora, o fato é que tanto o ministro como todos os setores estão comprometidos com uma melhoria das condições fiscais do país. Ela é, hoje, a desoneração da folha, uma realidade. O que nós garantimos é que haja um reajuste nas condições. Será sempre um instrumento que não é um instrumento pura e simplesmente de ajuste fiscal. É um instrumento que vai permanecer. Agora, em certas conjunturas, tem de ser reajustado, ou para cima, ou para baixo. Agora, foi para cima.


Jornalista: Fala-se muito que a senhora estaria reconhecendo os erros da política econômica com essa nova equipe. É isso?
Presidenta: Quando a realidade muda, a gente muda. É impossível achar, por exemplo, que a tarifa de energia decorre de erros. A tarifa de energia decorre das chuvas. Quando aumenta a\ chuva, diminui a tarifa de energia porque entra a energia hidrelétrica.


Jornalista: O ajuste fiscal, por exemplo…
Presidenta: Só um pouquinho… Quando diminui a chuva, diminui a energia hidrelétrica e aí a gente tem de contratar térmica. E térmica é mais cara, porque você paga aquilo que produz a térmica. Você paga o gás, você paga o carvão. E quando é água que você está usando para produzir a energia, você não paga a água. Ela é gratuita. Agora, eu não vou responder sobre coisas do Brasil no Uruguai.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Dilma inaugura o maior parque eólico das Américas Dilma: “Se no passado [governo FHC] ocorresse isso [crise hídrica], estaríamos no maior racionamento”

Publicado em 27/02/2015
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim 

Dilma inaugura o maior
parque eólico das Américas

Dilma: “Se no passado [governo FHC] ocorresse isso [crise hídrica], estaríamos no maior racionamento”
Parque Eólico Geribatu: "Somos pioneiros na produção de energia eólica", disse Dilma

Nesta sexta-feira (27), na inauguração do Parque Eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar (RS), a Presidenta Dilma Rousseff garantiu que, mesmo “diante do maior desafio, que é a maior seca dos últimos anos no Nordeste e a maior seca Sudeste”, não haverá racionamento no país. No entanto, ela reforçou que é preciso economizar.

“Se no passado ocorresse isso, estaríamos no maior racionamento. Em 2001, no racionamento, tinha energia no Rio Grande do Sul, mas não tinha linhas de transmissão. Hoje tem”, disse a Presidenta em referência ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Não iremos ter problemas sérios ou mais sérios na área de energia. Mas não significa que devemos jogar energia fora”, explicou Dilma, para continuar: “Diversificação da matriz mais desperdício zero é garantia de segurança energética do País”.

O empreendimento, que teve investimentos que somam R$ 2,1 bilhões – no parque eólico e nos sistemas de transmissão associados – possui 258 megawatts (MW) de capacidade instalada e deve produzir energia suficiente para abastecer 1,5 milhão de habitantes, segundo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“É um parque eólico excepcional porque é o maior da América Latina”, declarou Dilma em Santa Vitória. “Aqui vocês têm uma oportunidade de desenvolvimento aberta para toda a região e para o Brasil”, destacou.


Segurança energética


“Temos trabalhado muito para garantir a segurança energética do País. Nos quatro anos do meu primeiro governo, ampliamos a produção em mais de 21 mil MW”, lembrou a Presidenta.

“Além das hidrelétricas, temos de ter eólicos, termelétricas, diversidade de fontes”, concluiu. “Aumentamos as linhas de transmissão, as termelétricas e as eólicas”.




Aumento da tarifa de energia


No evento, a Presidenta esclareceu o aumento na tarifa das contas de energia. “Os aumentos nos preços da energia são passageiros, estão em função do Brasil enfrentar a maior falta de água dos últimos 100 anos”, contou.

“Isso não significa que vamos ter algum problema sério na área de energia. Não vamos ter porque temos segurança”, seguiu Dilma.

“Neste ano de 2015, nós vamos entregar mais 6.400 MW de energia e mais 7 mil km de linhas de transmissão”.

“Estamos sendo pioneiros na questão da energia eólica. Sem dúvida, a vocação dessa região vai permitir grande exploração da energia eólica”, encerrou a Presidenta.


Abaixo, outras frases:


Para mim é, de fato, um orgulho estar aqui. É um orgulho porque eu volto para minha terra de adoção.

Estamos vendo aqui que o Brasil precisará sempre de energia para crescer.


Esta é uma das prioridades e eu lutei muito por ela.

A garantia não é de 10 minutos, é de 24 horas por dia, 365 dias por ano, chova ou faça sol.

Diversificação da matriz mais desperdício zero

No Brasil temos um sistema fundamentalmente movido pela água. Quando tem água suficiente é muito bom, mas não pode depender dela.

Estamos diante do maior desafio da história hidrológica. É a maior seca do Nordeste dos últimos 100 anos.

Estamos diante do maior desafio, que é a maior seca dos últimos anos. E é a maior seca do sudeste.

Nós aumentamos as linhas de transmissão, as termelétricas e as eólicas.
Dilma ao lado do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga: "Os aumentos nos preços da energia são passageiros""
Leia mais sobre o projeto no Portal Brasil:   http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2014/05/rio-grande-do-sul-tera-maior-complexo-eolico-da-america-latina


E assista aos vídeos, retirados do Blog do Planalto:










Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

COMENTÁRIOS

  • Wagner Diniz
    Eu trabalho nesse empreendimento. Fiz questão de ir ver pessoalmente a nossa presidente. Sou do ramo e digo com absoluta convicção que está havendo uma revolução silenciosa na área de geração e transmissão de energia nesse país, mas infelizmente não é divulgado na mídia.
  • Lenir Vicente
    Muito lindo! Bravo Dilma! #TamoJunto

SERRA TIRA A FANTASIA: O NEGÓCIO É FATIAR E VENDER A PETROBRAS

Publicado em 27/02/2015
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim

O que é bom para a Chevron
não é bom para o Cerra!

Quá, quá, quá! O Fernando deixa o Cerra nu com a mão no bolso!


O Fernando Brito está insuperável nesse exercício de desnudar a mediocridade interessada e entreguista do Padim Pade Cerra, o místico da Mooca:


SERRA TIRA A FANTASIA: O NEGÓCIO É FATIAR E VENDER A PETROBRAS



A entrevista de José Serra ao “dono do lista do HSBC” no Brasil, Fernando Rodrigues, é um strip-tease.

O vendedor da Vale – título que lhe foi concedido pelo próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – lista o que se tem de fazer com a maior empresa brasileira.

Vai falando meias-verdades, como a de dizer que a Petrobras está “produzindo fio têxtil”, vai circulando a presa, como um velho leão.

O “fio textil” é poliéster, derivado integral de petróleo, que é produzido em Suape, como parte da cadeia de valor gerada pela refinaria, junto com a resina PET, com a que se produz garrafas.

São plásticos, enfim, um dos frutos de maior valor da cadeia de refino de petróleo.

Depois, diz que a Petrobras “não tem que fabricar adubo”.

Parece que está falando de esterco, mas é, simplesmente, de um dos insumos mais importantes da imensa produção agropecuária brasileira: amônia, que é produzida a partir do gás extraído junto com o petróleo.

É o “N” da famosa fórmula NPK dos fertilizantes, que o Brasil, incrivelmente, importa às toneladas.

Depois, fala em vender as usinas termelétricas de eletricidade, que já foram das multis e que a Petrobras teve de assumir porque elas só queriam o negócio com os subsídios que lhes deu FHC na época do apagão de 2001, subsídios que, além disso, eram suportados por nossa petroleira.

A seguir, fala em vender a distribuição, os postos Petrobras.

Aqueles onde o dim-dim entra, sonante, chova ou faça sol.

E aí, finalmente, diz que a empresa deve se conservar na extração de petróleo, mas que este deve ser “aberto ao mercado”.

Como já é, deve-se ler isso como a entrega da parcela exclusiva, de 30%, das imensas jazidas do pré-sal.

Claro que, nos negócios da cadeia do refino de petróleo, a Petrobras pode comprar, vender, dividir, agir como age um empresa que busca concentrar recursos em suas prioridades.

Isso inclui, senador Serra, o tal “fio têxtil”.

É tão bom negócio que seus amigos da Chevron  o produzem em larga escala através da Chevron-Phillips, em oito países.

Assim como a Chevron produz adubo e está cheia de passivos ambientais pela forma terrível que o faz, antes como Texaco e agora  usando  o “codinome” de Ortho.

E, claro, a Chevron não vai abrir mão de seus mais de 8 mil postos de abastecimento só nos Estados Unidos…

Quer dizer, as receitas de Serra para a Petrobras são exatamente o contrário do que fazem seus amigos da Chevron…

Senador, mas o que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil?

Navalha
Por que o Cerra não assinou a CPI do HSBC/UOL?
Em solidariedade ao entrevistador do UOL?
Paulo Henrique Amorim



Veja também:

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Hitler, o Syriza e as dívidas desonrosas da Alemanha, por Frederico Füllgraf

Hitler, o Syriza e as dívidas desonrosas da Alemanha, por Frederico Füllgraf

Por Frederico Füllgraf
A Grécia deve 322,0 bilhões de Euros (1.050,0 trilhão de Reais) a um conjunto de credores, encabeçado pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira(EFSF/ESM)e Estados da zona do Euro, que juntos com o FMI e o Banco Central Europeu, em 2012, refinanciaram a dívida grega, depois de salvar sobretudo os bancos privados, hoje fora da negociação. As condições para o reembolso (juros de 0,6%, carência até 2020 e prazo para reembolso até 2044) são favoráveis em âmbito europeu, mais vantajosas sobretudo em comparação ao custo dos empréstimos concedidos à Espanha e a Portugal. Já a contrapartida, o custo social cobrado pelos credores, e obedientemente implementado pela Grécia até o final de 2014 – o choque de austeridade, com redução do tamanho do Estado, privatizações e cortes de despesas orçamentárias de brutal impacto em políticas sociais – lançou 1/3 de sua população à linha da pobreza, condenou o país à recessão, impede seu crescimento econômico e bloqueia sua competividade no mercado europeu – eis a explicação para a notável vitória eleitoral do Syriza em janeiro de 2015. Caso a Grécia declare a moratória e seja excluída da zona do Euro, a Alemanha responderá por 27% (36,0 bilhões de Euros = 117,36 bilhões de Reais) das perdas do EFSF, que transferiu um total de 133,0 bilhões de Euros à Grécia. Se, ao contrário, em cenário otimista, a dívida for zerada, o EFSF distribuirá 12,5 bilhões ( 41,0 bilhões de Reais) de juros gregos, cabendo à Alemanha a parte do leão - um excelente negócio para os credores.
Depositário do poder, com ele o governo Alexis Tsipras assumiu a herança maldita de uma dívida duas vezes parcialmente perdoada e ainda assim virtualmente impagável. Diante da inflexibilidade da Alemanha – o carro-chefe da Economia e das Finanças europeias – o Syriza reeditou a cobrança de um crédito bancário e de reparações de guerra, vencidos há setenta anos.
Quando eu era garoto, com meus sete ou oito anos de idade, vez e outra fui testemunha de recordações de um parente, narradas à mesa do jantar, mas ocorridas em um país longínquo, no meio do Mediterrâneo. Aventuras que me emudeciam e faziam esquecer a mastigação do pão, buscando no clarão da luminária de teto, que pendia sobre a mesa, os contornos de um país chamado Grécia, onde, como dizia o narrador, tudo tinha sabor de azeite de oliva.
Muitos anos depois, descobri que esse parente servira como suboficial no LSSAH, acrônimo de “Leibstandarte SS Adolf Hitler”, o pelotão de escolta pessoal do Führer, criado em 1923, e que, transformado em brigada de elite do 12º. Exército da Wehrmacht, em abril de 1941, recebeu das mãos do general Georgios Tsolakoglou o auto de rendição da Grécia.
Então entendi que a aventura helênica do tal parente não fora um ingênuo acampamento de escoteiros.
blitzkrieg
Em 18 de abril de 1941, doze dias após o início da invasão alemã, o presidente grego, Alexandros Korysis, cometia suicídio. À cabeça de novo governo, Emmanouil Tsouderos tentaria resistir aos exércitos de Hitler.
Dois dias depois, após consultar o alto oficialato, mas violando ordens do comandante-em-chefe do exército grego, Alexandros Papagos, o general Georgios Tsolakoglou ofereceu a capitulação grega a Joseph “Sepp” Dietrich, comandante da LSSAH.
Naquele mesmo 20 de abril, o governo grego encabeçado pelo rei Georgios II deixou Atenas, rumo, primeiro, à ilha de Creta e, depois, ao exílio na Grâ Bretanha.
Na esteira de Georgios II, no dia seguinte, 50.000 soldados aliados, sobretudo ingleses, comandados por Archiball Wavell, empreenderam fuga em massa para Creta, deixando para trás incontáveis colunas de blindados e armas pesadas, abandonando os gregos à própria sorte.
Em terra, os aliados tinham perdido 12.000 homens, contra 2.500 baixas e 6.000 feridos alemães.
No início do cerco alemão, Wehrmacht e SS fizeram 210.000 prisioneiros; com o cerco fechado, 430.000 mil gregos entregaram-se à tropa invasora, e 20.000 escaparam para o Egito.
A capitulação de 20 de abril foi repetida três dias depois: protestando contra o que considerou “procedimento unilateral” dos alemães, o ditador Mussolini – expansionista, agressor da Grécia e causador da invasão alemã, chamando Hitler em seu socorro após a derrota italiana diante de gregos e britânicos – insistiu que o general Alfred Jodl assinasse a capitulação “definitiva” em Salônica, em presença de oficiais italianos.
Em Atenas, a 27 de abril 1941, no alto da milenar Acrópole era hasteada a suástica nazista, e em 3 de maio alemães e italianos promoveram a humilhante "parada da vitória".
Assim pontifica a historiografia oficial, com páginas alvas, despojadas de furos de balas, queimaduras nas bordas e manchas de sangue.
Um presidente na cena do crime
País com pouco mais de 7,0 milhões de habitantes por volta de 1940, um ano após iniciada a ocupação alemã, 1,0 milhão de gregos estavam alistados nas guerrilhas da Frente Nacional de Libertação (EAM), integrada por correntes monarquistas, nacionalistas e esquerdistas de distintos matizes, discretamente dirigida pelo Partido Comunista Heleno (KKE).
Em 1941, começou a caçada alemã aos partisans.
“Nos livros escolares alemães, há poucas ou nenhuma palavra sobre o assunto. Os meios de comunicação dedicaram amplo espaço ao Holocausto, aos crimes [nazistas] cometidos na Rússia e Polônia, mas a Grécia nunca foi tema de pauta”, comenta o semanário liberal alemão, “Die Zeit” (20/2/2014).
Ao longo dos últimos cinquenta anos, todos os primeiros-ministros alemães em missão na Grécia, premeditadamente evitaram visitas constrangedoras aos memoriais da Segunda Guerra. A exceção foram dois presidentes, figuras meramente representativas, sem nenhum poder decisório.
Anualmente, durante esses mesmos cinquenta anos, em média 2,5 milhões de alemães passaram suas férias de verão, lagarteando nas brancas areias das cálidas ilhas gregas, e seus relatos de viagem são apaixonadas odes ao sol, ao vinho e ao passos do sensual Syrtáki, sem menção de tristes epitáfios ou memoriais, advertindo às barbaridades cometidas por seus conterrâneos de outrora.
"Contas feitas, os crimes praticados em Hellas não pertencem ao cânone da memória alemã, e isso causa dor aos gregos", adverte "Die Zeit”.
Em março de 2014, foi a vez do presidente Joachim Gauck visitar a Grécia.
Acompanhado pelo presidente Károlus Papoulias – ex-resistente socialista, co-fundador do Pasok, especialista em Direito Internacional e ex-ministro das RREE, que em 1983 coordenou a operação de resgate de Yasser Arafat e das brigadas palestinas, no Líbano -, Gauck fez um retiro a Lyngiades, uma aldeia encrustada num penhasco a 1.000 metros de altitude, no Épiro, noroeste da Grécia.
A visita de Gauck a Lyngiades visava sutil efeito midiático, não percebido ou não admitido pela imprensa internacional.
Ali, na madrugada de 1º. de outubro de 1943, um oficial da ocupante 1ª. Divisão de Montanha, Edelweiß - uma das tropas de elite mimadas por Hitler – foi morto numa emboscada por guerrilheiros gregos. Encolerizado, o general Hubert Lanz, comandante da divisão, emitiu a ordem de "represália inclemente contra os bandidos responsáveis pelo odioso assassinato", estendida a um raio de 20 quilômetros. O alvo escolhido foi Lyngiades, porque ali foram avistadas mulas de carga que "poderiam estar transportando armamento".
Dois dias depois, o 79º. Batalhão de Reserva de Caçadores da Wehrmacht irrompeu no vilarejo, encurralando seus moradores, empurrados para dentro de suas casas e porões. Ato continuo, a aldeia foi submetida a uma infernal metralha, em seguida incendiada. Em questão de horas, Lyngiades foi obliterada do mapa da Grécia. "Missão cumprida", os alemães subiram aos seus veículos de combate e não se falou mais no assunto.
No Épiro, famílias inteiras foram exterminadas, a selvageria não poupou crianças e bebês, queimados vivos em seus carrinhos. Após a partida dos assassinos, nos caixilhos de algumas portas jaziam corpos semi-carbonizados. Fácil imaginar que se tratava de camponeses desesperados, tentando escapar às labaredas e morrendo no fogo das metralhadoras.
70 anos depois: lágrimas de crocodilo e operação "apaga incêndio"?
À medida que ouvia pelos alto-falantes os nomes das 83 vítimas do massacre, o presidente Gauck chorou.
Em seguida, reverenciou os mortos diante do memorial e, tomando o microfone, disse: "Eu sinto vergonha, porque a Alemanha democrática, apesar de, aos poucos, resgatar seu passado com luto, tão pouco soube e aprendeu da culpa alemã perante os gregos ... Eu desejaria tanto que, há muito tempo, um dos responsáveis por aquelas ordens da chacina tivesse dito, ´peço desculpas!´ ou ´me arrependo de ter cumprido ordens criminosas!´".
Fora do pódio, então um dos poucos sobreviventes apresentou-se ao presidente alemão: Panos Babousikas, septuagenário de estatura agachada. "Minha mãe me mantinha nos braços, mas estava morta, e eu, ferido. Foi assim que me encontraram: colado ao peito da minha mãe, mamando o leite morto dela".
Bebê marcado para morrer, Babousikas sobreviveu com uma cicatriz indelével nas costas: um corte entre 30 e 40 cm. Causado por baioneta.
Outra sobrevivente, Eleni Cholevas, descreveu o inesquecível: "Nos juntaram no porão da casa e abriram fogo contra as pessoas amontoadas. Uma bala acertou minha carteira de dinheiro, outra, a cabeça do meu filhinho – seu cérebro foi arremessado em meu rosto. Os alemães saíam e retornavam, disparando a esmo, pois ouviam os gritos das crianças, deitadas debaixo dos mortos, esparramados. Em um canto da casa, vi meu outro filho, despedaçado. O porão encheu-se de fumaça... Uma labareda alcançou a cabecinha do meu filho".
No mesmo distrito de Ioannina, os "caçadores de montanha" do general Lanz reuniram a população judaica, para deportá-la a Auschwitz. De outros vilarejos chegaram notícias de atrocidades inenarráveis: soldados de Lanz meteram chumaços de algodão encharcado de gasolina na boca de crianças, delas aproximando palitos de fósforo acesos. Em outro caso, fenderam com adaga o ventre de uma mulher grávida, dele retirando o feto, que colocaram em seus braços.
Crimes de guerra hediondos, praticados por psicopatas repugnantes!
Nenhum dos comandantes responsáveis jamais cumpriu pena pelo Massacre de Lyngiades. As baixas patentes e soldados rasos nunca foram indiciados. Em 1948, Lanz e o comandante-em-chefe das operaçãos na Grécia, Wilhelm Speidel, foram sentenciados em Nürnberg a piedosos 10 anos de cárcere pela somatória de crimes de guerra praticados, mas em 1951 Lanz já gozava de liberdade, fazendo meteórica carreira como assessor para assuntos militares no recém-fundado partido liberal (FDP).
Contudo, Lyngiades é apenas uma das “90 aldeias de mártires” assaltadas, assassinadas e devastadas por tropas alemãs. As duas mais frequentemente referidas na Alemanha são Kalavryta (pelo menos 1.500 mortos) e Distomo (218), mas a lista é infindável, somando milhares de vítimas: Viannos (500+), Pyrgi (346), Komenno (317), Kokkinia (300+), Kandanos, em Creta (180)... O que dizer, então, da Divisão Acqui, italiana, cujos 5.000 (cinco mil!) combatentes foram chacinados em Kefalonia por comandos alemães, em 1943, para evitar sua deserção ou adesão aos aliados?
E o que dizer das lágrimas do presidente Gauck?
Que a Alemanha tenha demorado 70 anos para pedir perdão por apenas um entre tantos crimes de guerra nazistas, é em si um ultraje inaceitável, associado aos crimes inafiançáveis.
Quem deve a quem?
Mal o presidente alemão terminara seu discurso, Babousikas e representantes de outros vilarejos martirizados desenrolaram uma faixa na qual se lia, em grego e alemão: "Justiça e Reparações" - reivindicações que durante alguns minutos repetiram como incansável mantra. Porque "o perdão de Gauck para mim não tem nenhum valor!", justificou o sobrevivente.
Este teria sido o momento para o jornalista investigativo perspicaz perguntar-se, por que Gauck escolhera exatamente aquela data para sua visita. Mais enfáticamente: qual seria o real motivo por trás da súbita visita do presidente alemão à Grécia?
No início de 2014, o sentimento generalizado na Grécia era de indignação. Para contentamento da Troika, em Bruxelas – que em 2012 reiterou seu dracônico programa de austeridade de 2010, em troca do refinanciamento da dívida pública grega, que apesar de descontos voltava a beirar astronômicos 300,0 bilhões de dólares - o país conseguira gerar um superávit primário de 0,8% seu PIB, mas à custa de mais de 25% de desemprego e de brutal redução de 30% no valor dos salários. "Locomotiva" da Europa e principal credor da Grécia, a Alemanha era encarada, não sem razão, como a grande responsável pela penúria helênica.
Naquele contexto, alguns veículos de comunicação gregos voltaram a reverberar a tese da "dívida alemã", tese tão antiga quanto sua negação pela Alemanha.
Contemplada friamente, era naquele contexto que devia ser entendida a visita de Gauck. Menos exposto à execração da opinião pública grega do que Angela Merkel – frequentemente denunciada por manifestantes como "nazista", com bigodinho à la Hitler -, Gauck teve a missão de apagar incêndios, isto é, esboçar gestos de conciliação, estendendo a mão ao anti-germanismo mais recalcitrante, o que o ex-pastor luterano de voz macia fez à perfeição, deste modo evitando que a revolta contra o aqui e agora fosse contaminada pela indignação contra o ontem, literalmente juntando gregos e troianos, conservadores e a esquerda, em um só concerto pelo pagamento de reparações de guerra.
Nacionalista, embora abraçando credo liberal em Economia, desde 2012 o primeiro-ministro Antonis Samaras vinha encorajando discretamente o debate sobre a tal dívida alemã, evitando, porém, que o tema ganhasse a esfera diplomática, onde seria interpretado como lance oportunista para contrabalançar o impagável crédito da Troika com cobrança à Alemanha de "dívida prescrita", quanto mais então de reparações de guerra.
Porém, eis duas contas que devem ser separados: uma coisa é o crédito compulsório concedido pela Grécia ao regime nazista, outra, a estimativa dos prejuízos pessoais e materiais, que justificam cobrança de reparações.
Em 1943, o Banco da Grécia foi forçado pelo governo de ocupação nazista a conceder um crédito no valor de 1,5 trilhão de Dracmas (aprox. 238,0 milhões de dólares da época) aos governos alemão e italiano. O combinado foi que o empréstimo seria reembolsado ao final da guerra. Mas não foi. Em 2013, Nikos Christodoulakis, ministro das Finanças do governo Samaras, estimou que – com juros, correção monetária e multas, acumulados ao longo de 70 anos - hoje aqueles 238,0 milhões valeriam 11,0 bilhões de dólares. Outras estimativas projetam - mais acertado seria dizer: chutam - o valor para além de 70,0 bilhões de Euros, disparidades gritantes que tornam difícll, senão impossível a cobrança da dívida bancária da Alemanha.
A outra conta é a da dívida do saque e do sangue.
Enquanto crescia nas ruas a oposição contra a receita de austeridade da Troika, o Conselho Nacional para a Reclamação de Dívidas da Alemanha estimava que, ajustadas à inflação desde 1945, a Alemanha devia "centenas de bilhões de dólares" à Grécia.
Em 2013, uma equipe de economistas, historiadores e arqueólogos elaborou a primeira versão de um documento confidencial com 160 páginas, cuja versão final foi entregue em meados de janeiro de 2015 aos ministros das Finanças e das RREE do governo Antonis Samaras, que antecedeu o recém-empossado governo Alexis Tsipras. 
A fatura jamais apresentada por Samaras, mas brandida nos bastidores, e denunciada há vários anos pelo Euro-Deputado Manolis Glezos - nonagenário herói da resistência que em 30 de maio de 1941 escalou a Acrópole juntamente com Apostolos Santas, furtando de seu mastro a suástica nazista – soma extensa lista de prejuízos pelo afundamento da frota mercante grega, a destruição de indústrias, cidades, estradas e a pilhagem do patrimônio arqueológico, do qual até o presente encontram-se obras raras em museus alemães.
“Sem calcular os juros, a Alemanha deve 162,0 bilhões de Euros à Grécia!" - sentencia Glezos, explicando: "Trata-se de um numerário responsável, baseado em dados que me foram fornecidos pelo Banco da Grécia".
Para embasar seus cálculos, o parlamentar do Syriza utiliza documentos históricos de inegável validade. Por exemplo, os Tratados de Paz de 1947, em Paris, que ajuizaram o montante de reparações que a Alemanha deveria pagar aos países ocupados pelo nazismo. Em Paris, os 19 membros da comissão aliada determinaram que, pelos danos causados à Grécia, a Alemanha lhe devia 7,1 bilhões de dólares pelo valor de mercado de 1938; valor que atualizado em 2015 atingiria os tais 162,0 bilhões de Euros, em algumas publicações gregas turbinados para estratosféricos "300,0 bilhões de Euros", numerário que não por acaso encosta na atual dívida pública grega, que procura repudiar em bloco.
Importante observação sobre a dramaturgia: embora estimassen o valor das reparações alemães em 7,1 bilhões de dólares, os aliados recomendaram moderação aos países de Direito, para prevenir uma fatal repetição do desastre de Versalhes, de 1919, cujas exigências dracônicas e imbecis arruinaram a Alemanha, descovaram a serpente nazista e fizeram rebrotar em 1939 a guerra tida como finda em 1918,
Argumentos alemães e Tribunal de Haia
Em Berlim, o pleito é taxado de risível a descarado.
O ministério das Finanças alemão argumenta que as reparações à Grécia foram quitadas há mais de 50 anos e que a conta está definitivamente zerada. Brandindo seus próprios números, os funcionários do ministro Wolfgang Schäuble advertem que, cumprindo determinações dos Tratados de Paris, a partir de 1948, a Alemanha forneceu bens – máquinas, motores, veículos e estruturas de engenharia – hoje avaliados em 2,0 bilhões de Euros. A Grécia contesta, dizendo que nunca recebeu, e a verdade é que durante anos grande parte dos equipamentos deteriorou no porto de Hamburgo, onde foi saqueado por navios britânicos, com nome e endereço.
Em 1953, o Acordo sobre Dívidas Alemãs, de Londres, estabeleceu que o atendimento a qualquer outra cobrança será "protelado... até a regulação definitiva da questão de reparações", mediante um Tratado de Paz.
Apesar disso, em 1960 a Alemanha pagou uma indenização de 115,0 milhões de Marcos a vítimas de crimes nazistas na Grécia. Ocorre que, anos depois, confirmou-se que aquela reparação contemplara sobretudo descendentes da minoria judaica e não a maioria das familias gregas vitimadas. Porém, segundo o contrato assinado na ocasião, a reparação quitava todas as reclamações por assassinato, saque e devastação, estando excluídos pleitos futuros. Atualizados, mais de meio século depois, os 115,0 milhões de Marcos somariam vários bilhões de Euros.
Finalmente, com a reunificação alemã, em 1990, a assinatura do tão sonhado tratado de paz estava na ordem do dia. Mas não foi assinado. Em seu lugar, entrou em vigor o "Tratado 2+4" (as duas Alemanhas + EUA, URSS, França e Grã-Bretanha) sobre a Unidade Alemã,explicitamente reconhecido pela Grécia, como país vitimado pelo nazismo, mas cujo teor - com esperto calculismo do governo Helmut Kohl - implicitamente evita defini-lo como tratado de paz, com isso enterrando de vez expectativas de pagamento de reparações.
O que a Alemanha temia era que, ao oficiar um acordo de paz explícito com os aliados, fosse imediatamente alcançada por sem número de causas judiciais cobrando reparações; o que, finalmente, explica, por que seus giovernantes tanto evitaram visitar memoriais gregos.
A indignação dos familiares das vítimas dos crimes nazistas na Grécia é justa e enorme. Não tendo sido devidamente representados por juristas como os empregados pelos lobbies judaicos, seus direitos jamais foram respeitados. Alguns, intrépidos, recorreram à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. Mas foram decepcionados. Em fevereiro de 2012, a CIJ contestou ações indenizatórias de cidadãos gregos e italianos, advertindo a "convenção sobre a imunidade de Estado e seus bens", inalienáveis. Ponto.
Já uma ação pelo reeembolso do tal "empréstimo compulsório", que Hitler e Mussolini descaradamente cobraram ao Banco da Grécia para cobrir as despesas da ocupação violenta, tem possibilidades de êxito. Segundo o Direito Internacional, o crédito grego não pertence à categoria das reparações, sendo definido como empréstimo comercial contratado.
Cobrá-lo na CIJ, certamente levaria alguns anos – tempo que o Syriza não tem.
Receber sua atualização, certamente aliviaria as contas gregas. Mas envenenaria para sempre a azedada relação entre Atenas e Berlim.
O que mais temem Schäuble. Merkel e seus satélites - Holanda, Espanha, Portugal e países do Báltico - é que a acirrada oposição do Syriza ao irresponsável roteiro da austeridade contamine e rache a unidade do Euro-bloco, cujos primeiros sintomas tornaram-se visíveis quando da prorrrogação do programa de salvatagem financeira da Grécia, em 19 de fevereiro, oportunidade em que França e Itália cobraram receptividade aos pleitos do ministro Yannis Varoufakis.
Nada é perene e impossível, nem uma Europa de ponta a ponta indignada com a fórmula bandida, "aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei!" - aos despossuídos, a austeridade, aos bancos criminosos, a persistente e escandalosa locupletação com recursos públicos, 

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Manolis Glezos sobre as reparações cobradas à Alemanha