quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Vergonha: Senadores que apoiam projeto de Serra usam na tribuna argumentos do lobby das petrolíferas estrangeiras; Renan fecha galerias; acompanhe ao vivo

Vergonha: Senadores que apoiam projeto de Serra usam na tribuna argumentos do lobby das petrolíferas estrangeiras; Renan fecha galerias; acompanhe ao vivo

publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 16:19 - Viomundo
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Da Redação
Os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lúcia Vânia (PSB-GO) abriram de forma vergonhosa o debate no Senado sobre o projeto do tucano José Serra, que extingue a obrigatoriedade da participação mínima da Petrobras de 30% em campos do pré-sal.
Eles repetiram os argumentos do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.
O IBP é o lobby das empresas estrangeiras, que se opõe ao regime de partilha, à Petrobras, à obrigatoriedade de conteúdo nacional e quer acelerar o ritmo de exploração com leilões anuais.
Caiado disse, em resumo, que a Petrobras está destruída. Solução? Tirar da Petrobras o papel de operadora única! Ou seja, enfraquecer a Petrobras.
Em sua fala, a senadora “socialista” Lúcia Vânia citou nominalmente o IBP, que menciona a dívida de U$ 500 milhões da Petrobras como impeditiva de novos investimentos.
“Nós vamos entregar o filé mignon por uma dívida que podemos administrar?”, perguntou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao responder.
Ela sustentou que, uma vez instaladas no pré-sal, as empresas estrangeiras vão se desobrigar de utilizar conteúdo nacional, ou seja, a cadeia produtiva interna estaria quebrada.
Também afirmou que as companhias internacionais buscam campos de altíssima rentabilidade. No pré-sal, o custo de exploração é de U$ 8 a 9 o barril.
Além do mais, disse Gleisi, a Petrobras tem reservas garantidas para os próximos 14 anos!
Por que decidir o assunto com urgência ungentíssima, sem passar pelas comissões do Senado, justamente num momento em que o preço do barril do petróleo despenca?
O presidente do Senado, Renan Calheiros, não permitiu a abertura das galerias para a participação popular na sessão.
Está claro que, com os argumentos desenvolvidos a partir da Operação Lava Jato, alguns senadores pretendem entregar às pressas a maior riqueza brasileira a empresas internacionais.
Abaixo, a transcrição de um vídeo gravado pelos senadores Roberto Requião e Lindbergh Farias a respeito do assunto:
Lindbergh: Infelizmente hoje foi uma noite vergonhosa no Senado Federal, nós perdemos uma votação por 33 a 31. Tentamos retirar essa urgência absurda imposta para votação do projeto de entrega do pré-sal. Há forças poderosas querendo fazer é um absurdo contra os interesses do  povo brasileiro: entregar nossas reservas, da Petrobras, a preço de banana. Eles querer tirar a Petrobrás do pré-sal e entregar de mão beijada para as grandes multinacionais petroleiras. A votação decisiva será hoje! É muito importante mobilização a para que a gente consiga reverter esse projeto aqui no Senado Federal.
Requião: O pré-sal é um ótimo negócio para a Petrobras e para o Brasil. Nossa querida Petrobras está retirando o petróleo por US$ 8 o barril e vendendo por US$ 30. Mesmo com os baixos preços do petróleo estamos ganhando dinheiro, ao contrário do que estão dizendo na imprensa! Entre as novas grandes jazidas do mundo, o pré-sal é a mais rentável e tem uma carga tributária muita baixa também. Por isso todo essa pressão e campanha de marketing para que entreguemos barato.
O pré-sal vale muito mais do que ouro! Por incrível que pareça, 49 senadores assinaram o requerimento para tirar a urgência. Tínhamos maioria para acabar com esse açodamento entreguista da bancada do PSDB. Porém, na hora da votação aconteceu um mistério: tivemos apenas 31 votos, 18 senadores ou não apareceram ou não votaram. Sumiram. Os lobistas estavam visitando os gabinetes. E, atenção Dilma, até mesmo um técnico do Ministério das Minas de Energia visitava os gabinetes tentando dobrar os senhores senadores ao projeto do Serra. A Dilma se manifestou a favor da nossa posição: exclusividade da Petrobrás na extração e a Petrobrás com 30%. É o mínimo que deveríamos exigir. Nos grandes países petroleiros, suas estatais ficam com tudo.
Dizem que a Petrobras não está furando os poços tão rapidamente quanto gostariam. Ora, hoje ninguém está furando petróleo no mundo. Por quê? Porque há excesso de petróleo no mercado. As petrolíferas estrangeiras não vão investir. Elas querem apenas tomar posse da nossa riqueza. Elas financiam o entreguismo apenas garantir as jazidas para elas.
Essa é uma luta geopolítica. Querem que o Brasil abra mão do domínio das suas jazidas e petróleo e entregue elas para a mão das grandes irmãs, o cartel internacional. Por isso, baixaram também o preço do petróleo, para dizer que o pré-sal não vale nada. Mas quem desdenha quer comprar. Entreguismo puro e simples.
Enquanto no mundo as pessoas morrem, genocídios acontecem pelo petróleo, 33 senadores votaram pela continuidade de um projeto que dá de bandeja a gigantesca reserva brasileira do petróleo. Nosso futuro…
Lindbergh: E o importante dizer que fomos nós brasileiros, foi a Petrobrás que descobriu o pré-sal. Nós assumimos o risco de buscar petróleo em locais tão profundos. Agora que está tudo lá, que não tem mais risco, querem tirar e entregar a preço de banana. Quando o preço do barril do petróleo está US$ 30, preço lá embaixo, na bacia das almas.
E tem mais; a Petrobrás se ela deixa de ser operadora única. o governo perde as condições de fazer politica de conteúdo nacional. A gente lembra como que era antes do Lula, a gente tinha que comprar plataforma, navio, tudo fora do país. Tinha 2 mil empregados só na indústria naval, em 2014 estávamos com 80 mil famílias dependendo das encomendas de navios e plataformas.
Requião: Mais do que isso, o maior número de patentes brasileiras está com a Petrobras e tem relação com os avanços requeridos para explorar petróleo a tamanha profundidade. Tecnologia totalmente nacional.
Se entregarmos os campos de petróleo, vamos perder toda essa tecnologia, as encomendas à indústria nacional. Porque as companhias estrangeiras querem comprar equipamentos lá fora, contratar engenheiros e especialistas lá fora. É um crime de lesa pátria o que está a ocorrer no Senado da República. Mas vamos à luta, hoje acredito que os senadores nacionalistas acordem e barrem essa loucura.
Lindbergh: Outra preocupação é com a extração predatória, Argentina privatizou a sua empresa pública. E as petrolíferas estrangeiras acabaram vendendo seu petróleo barril petróleo a US$ 4. Hoje ele acabou. Depois teve que comprar a US$ 100. Na Indonésia, com a Chevron dominou os campos e vendeu a US$ 1. A Indonésia também teve que comprar a US$ 100.
Requião: Ou seja, não podemos perder o controle da torneirinha que liga os poços de petróleo. O controle dessa torneirinha que é a chave. Com ela podemos escolher vender o petróleo mais quando os preços estão melhore e deixar guardado quando os preços estão piores.
Lindbergh: Sim. O controle da extração é fundamental. É fundamental saber quem será o operador.
Requião: As empresas privadas estrangeiras só pensam no lucro. Adotam uma extração predatória, querem o lucro mais rápido possível para si próprias e “que se danem os interesses do povo brasileiro”, pensam elas.
Lindbergh: Porque esta na lei do petróleo, aprovada em 2010, que não devemos permitir a extração predatória. Está muito claro no artigo 9º que o fundamental é tirarmos o petróleo de acordo com a nossa capacidade de desenvolver a nossa indústria e no momento em que nos for mais conveniente.
O fato é o seguinte, hoje nós vamos à luta novamente! É importante que o movimento social e as pessoas da sociedade que defendem o Brasil, se mobilizarem, ligarem dos seus senadores. Perdemos por 2 votos, eu ainda acredito que vamos lutar muito pra derrotar esse projeto que é um atentado contra a soberania nacional.
Requião: E o comportamento do presidente do Senado hoje foi horrível, o artigo 352 do nosso regimento interno diz: que no fim de uma legislatura todas as urgências caem, essa urgência foi pedida e votada o ano passado, lá por setembro, ele jamais poderia manter isso em regime de urgência dessa forma.
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