sábado, 31 de outubro de 2015

Marcelo Odebrecht diante da Inquisição Golpista - Miguel do Rosário para O Cafezinho

Marcelo Odebrecht diante da Inquisição Golpista

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A direita brasileira é tão grotescamente entreguista, que está disposta a destruir até mesmo a empresa símbolo do capitalismo nacional, e manter encarcerado, por 133 dias até agora, sem que haja nenhuma condenação, sem sequer uma acusação formal, o principal executivo dessa empresa.
É uma ditadura judicial de republiqueta de bananas!
Eu queria saber que raios de liberais são esses, que são contra a liberdade mais importante: a liberdade física, o direito a ficar livre até o momento, ao menos, da condenação em última instância.
Eu queria saber também que raios de capitalistas são esses que querem destruir as grandes empresas privadas e públicas do próprio país.
E não venham falar que quem destruiu as empresas "foi o PT", porque analfabetismo político tem limite. Dizer que a Odebrecht pertence ao PT é estupidez demais até para o idiota midiático médio.
As concorrentes norte-americanas, chinesas e europeias da Odebrecht devem estar assistindo alegremente (mas perplexas diante de um entreguismo tão boçal) o judiciário brasileiro fazer o que elas tentam, inutilmente, fazer há décadas: destruir a maior empresa brasileira de engenharia.
Alguém deveria lembrar a Sergio Moro e aos procuradores golpistas que eles só ganham os supersalários - os maiores do mundo para as mesmas funções - que ganham porque existem empresas como a Odebrecht.
Quem faz estradas, pontes, portos, aeroportos, hidrelétricas, não é o Banco Itaú nem a TV Globo.
A Globo dá premio para juiz, e eu considero o prêmio Faz Diferença uma propina ainda mais suja do que uma propina comum; mas não paga impostos (alô polícia, não vai investigar a sonegação da Globo?) nem constrói pontes. O que a Globo faz é apoiar golpe e deseducar o povo.
As empresas brasileiras de engenharia não são santas. Mas juízes e procuradores também não são santos e ninguém sai prendendo juiz e procurador sem provas, sem condenação, sem nada de concreto, como fizeram com Marcelo Odebrecht.
Rogério Dultra, professor e jurista, escreveu uma excelente análise (que reproduzo abaixo) sobre o caso Marcelo.
***
Em processo mal conduzido, Odebrecht vira bode expiatório
Por Rogerio Dultra dos Santos, no blog Democracia e Conjuntura.

Nada como um dia depois do outro. Vai réu, vem réu, sai vazamento, chega notícia, a “Operação Lava-Jato” começa a ser tratada como deve: como juízo de exceção. E por quem menos tem condição de assim o fazer, pelo suposto “chefe” de quadrilha, o empresário, herdeiro da maior empresa de engenharia do país, o réu Marcelo Odebrecht.
Mas porque tratar a Lava-Jato de juízo de exceção?
O ponto básico é que, se quisermos atacar a corrupção de morte, não podemos fazê-lo através da supressão do devido processo. O processo penal não atrapalha o juízo funcional e tecnicamente competente. Pelo contrário, ele garante uma decisão juridicamente válida.
É simples: um processo não termina no juízo de instrução, nem na sentença de primeiro grau. Geralmente há recurso – recurso garantido a todos pela constituição – e o processo “sobe” para o Tribunal, para as instâncias superiores, a fim de que se verifique a sua correção.
Assim, toda e qualquer irregularidade processual deve e provavelmente será questionada num recurso e, certamente o será nesta “força” “tarefa”.
O que é estranho.
Se o processo será reexaminado, como imaginar que se deseje ser referendado depois de tantas falhas, vazamentos, excessos?
Este proceder “descuidado” com os procedimentos legais da “força” “tarefa” gera a suspeita de que o seu objetivo profundo não é condenar ninguém, mas provocar tsunamis midiáticas, abalos sísmicos na imprensa, com objetivo outro, não explícito nas laudas do processo.
O juízo de exceção, dizem os entendidos, opera pela vontade exclusiva de quem dirige o processo. Não se submete aos limites legais e não avança os respeitando. O juízo de exceção tem, no seu fundamento, um objetivo político: o de reafirmar um determinado poder.
O Odebrecht da vez sabe disto. Sabe que é um “scape goat”, um bode expiatório numa luta que é muito mais mesquinha que o tal do “combate” à corrupção, combate que deixa propositadamente um monte de gente graúda do lado de fora.
Mas qual o poder que o juízo que quer “lavar à jato a corrupção” quer combater? Quais as forças políticas que a “força” “tarefa” enfrenta na verdade, mas sem ousar dizer o nome?
Isto não é mais segredo para ninguém.
O problema é que o caráter político do juízo de exceção macula o seu pretexto de limpeza e correição. Neste tipo de processo, quem corrompe o procedimento diz perseguir quem corrompe o país. É o sujo correndo atrás do mal lavado.
O resultado é que podem falar qualquer coisa sobre Marcelo Odebrecht. Mas o que fica do seu depoimento ao Juízo da 13ª Vara Especializada da Justiça Federal do Paraná é que o sujeito foi impávido que nem Mohamed Ali.
Depois de 133 dias preso, depois de vazadas conversas de sua mulher com suas filhas para a imprensa, depois de que uma prisão preventiva se sucedeu à outra sem maiores fundamentações, depois de ouvir estoicamente a arguição perversa – perversa é a palavra –, do juiz responsável, o cabra manteve-se hirto.
Ele, o Odebercht, sabe que será condenado pelo juiz do primeiro grau.
A antecipação da pena – todo processualista penal sabe – antecipa a sentença. Se não o fizesse, os vazamentos denunciados pelo Deputado Wadih Damous como possivelmente oriundos do juízo em questão o fariam. A sentença, na verdade, está dada.
Por outro lado, a irritação profunda do juiz diante da estratégia da defesa escancarou a fortaleza do réu. No interrogatório, a extensa denúncia, produzida durante meses, está respondida detalhadamente por escrito e o réu opta por falar apenas o que quer, e não o que querem que fale.
Ele nega estrategicamente a se submeter ao interrogatório sibilino porque já o fez. Por escrito. E, assim fazendo, sepultou a possibilidade de que a sua oitiva virasse notícia no Fantástico. Pelo menos, notícia sem edição.
Odebrecht dá uma aula de processo. Ele, sabiamente, esperará o momento em que o caso subirá ao segundo grau de jurisdição. Esperará o STJ, o STF. E sabe que esperará preso enquanto estiver sob o jugo da Operação lava-jato. Esperará preso, mas calado.
Odebercht, por óbvio, é Casa Grande. Mas a Casa Grande não é Casa Grande à toa. A profilaxia social do nosso alienista do momento terá que esperar por outra vítima. Esta sabe que é bode. E saberá esperar pelos juízes que podem restar em Berlim. Um bode que não é dedo-duro. Por esta, não esperavam.

Programa do PCdoB: não vai ter golpe! - O Cafezinho

Programa do PCdoB: não vai ter golpe!

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O programa político do PCdoB na TV provocou grande repercussão no meio político.
Uma repercussão positiva, merecida, porque o PCdoB fez o que tinha de fazer.
Mostrou coragem.
Não vai ter golpe.
***
PCdoB leva ao ar programa de TV que petistas não tiveram (ainda) coragem de fazer; assista ao vídeo
30 OUT 2015 - 16:17
A propaganda do PCdoB que foi ao ar pela TV na noite de ontem (29), em rede nacional, está tendo grande repercussão no meio político pela forte defesa que o partido fez do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT).
O partido dos comunistas também puxou pela memória como era o Brasil sob o comando do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, comparando-o com os tempos dos governos petistas.
A legenda vermelha mostrou que a situação melhorou muito e acusou a oposição de usar a crise mundial para tentar dar um golpe e remover a esquerda do poder.
Coube à deputada estadual Leci Brandão, de São Paulo, o recado mais duro para os coxinhas:
“Golpe? É o artifício dos que não conseguem convencer pelas suas ideias. Eles sabem que o povo não esquece o que sofreu quando eles governaram. E se compararem o que cada governo realizou, vão perder de novo. O PCdoB está sempre pronto para dialogar, respeitando o direito que todos têm de pensar diferente, mas também está preparando se o confronto for em outro campo… Se eles quiserem mostrar tamanho, seremos mais altos… Se quiserem ganhar no grito, gritaremos mais alto… Se quiserem medir força, seremos mais fortes que eles…”, diz um trecho da fala da parlamentar.
Por tudo isso, o comentário geral nas redes sociais após a exibição da propaganda é que o PCdoB está fazendo o discurso que o PT deveria fazer, mas ainda não teve a coragem de fazê-lo.
Aliás, “coragem” é justamente o mote da propaganda.
Confira o vídeo a seguir:

Lula, o homem sem medo - Eduardo Guimarães para blog da Cidadania/Brasil 247

Lula, o homem sem medo

:
A vós que vos deixais mortificar por esse bombardeio de injustiças sobre o homem que operou o milagre da libertação de dezenas de milhões de brasileiros dos grilhões da pobreza e que promoveu a maior distribuição de renda já vista neste país, serenai vossos espíritos.
Todo aquele que contemplou com lucidez o olhar de Luiz Inácio Lula da Silva sabe que em sua alma o medo não se cria.
Perscrutei os espelhos de sua alma em busca de uma réstia de hesitação, de uma sombra de medo, de um fiapo de insegurança, mas não encontrei. Do olhar de Lula emana, tão-somente, energia que poderia iluminar uma nação.
Enquanto conversávamos, não prestava tanta atenção às palavras. Refletia sobre aquela figura mítica que tinha diante de mim. E sobre os inimigos poderosos que lhe espreitam cada passo, cada palavra, cada gesto.
Perguntava-me como podia se manter tão sereno e confiante a despeito da horda que anseia destruir não apenas o homem, mas as ideias que representa.
Disse a Lula que me preocupava com o ódio que lhe dedicam porque adentra o terreno do sobrenatural. O ódio que atraiu contra si ao pregar igualdade entre os brasileiros, converteu-se em religião. E o que é pior: os portadores desse ódio dispõem de recursos extraordinários.
Confesso que passei minutos intermináveis tentando enxergar nele algum medo do futuro, das conspirações que germinavam enquanto conversávamos, mas nada encontrei.
Tal era a serenidade em seu olhar enquanto eu listava tudo que poderia lhe suceder que cheguei a supor que ele não se dava conta dos riscos que corria. Insisti nesses riscos, mas ele não se abalava. Optei, então, por não perder mais tempo e direcionei a conversa para o quadro político, que ele já sabia que evoluiria como tem evoluído.
Se alguém pensa que Lula está surpreso com tudo que está acontecendo, engana-se. Há cerca de um ano ele já previa até onde seus inimigos iriam. E já imaginava que, em caso de surgirem maiores problemas na economia, os fracos de espírito o abandonariam.
Perguntei se não se arrependia de ter dado tanto poder à Polícia Federal e ao Ministério Público, de não ter engendrado mecanismos para se proteger caso toda essa liberdade a esses órgãos fosse usada para atacá-lo.
Não se arrepende. Para ele, o problema do Brasil sempre foi o medo que seus antecessores tiveram de dar liberdade aos órgãos de controle.
Lula acredita que os abusos que estão praticando contra si fazem parte do processo de amadurecimento de nossas instituições, e que caso seus inimigos voltem ao poder descobrirão que não há mais como se protegerem através do aparelhamento da Justiça, do MP ou da PF como o que promoveu Fernando Henrique Cardoso.
Nunca me esquecerei da serenidade de Lula diante do calvário contra si que já se anunciava e do qual ele tinha plena consciência.
Quando vejo muitos dos que o apoiam ficar mortificados diante das injustiças que ele vem sofrendo – como eu mesmo fico, inclusive -, busco coragem na lembrança de sua serenidade, de sua coragem, de sua fé inquebrantável na verdade e na justiça.
Homens como Lula não se dobram, não se amofinam, não desanimam. Para pessoas como ele, cada batalha perdida é uma lição e cada vitória é apenas mais um passo de uma jornada que não é só sua, mas de todos os viventes.
Uma jornada em busca da justiça social.
Ele certamente não se desespera diante das calúnias contra sua família – que jamais lucrou com seu sucesso estrondoso na política – enquanto familiares dos adversários amealham fortunas sem qualquer explicação razoável, como no caso da filha de José Serra, quem, há um par de anos, comprou, em sociedade com o homem mais rico do Brasil, parte de um negócio no valor de cem milhões de reais – e sem ninguém saber a origem de tanto dinheiro.
Lula não se desespera porque já esperava por isso. Ele já sabia que perscrutariam sua vida e a de sua família em busca de alguma mera evidência que pudessem usar. E sabe que não encontrarão.
Você perguntará: mas e se forjarem alguma coisa? Não importa. Ele não se deixará abater. Não tem medo. Inexplicavelmente, ele não teme a adversidade. Lula se considera filho da adversidade, pois foi através dela que se tornou o político mais importante do país.
Quando lembro da coragem que vislumbrei no olhar de Lula, chego a sentir vergonha de, vez por outra, deixar-me mortificar pelas injustiças que sofre. Então, inspirado nele, persisto. Tento fazer da força dele a minha força. Sugiro a você que pensa como eu, que faça o mesmo.

'Impedir vítimas de estupro de tomar a pílula do dia seguinte é dar impunidade ao agressor' - Rede Brasil Atual

UM PASSO A TRÁS

'Impedir vítimas de estupro de tomar a pílula do dia seguinte é dar impunidade ao agressor'

Para a senadora Ângela Portela, do PT de Roraima – estado com a maior taxa de estupros do país –, a decisão da Comissão dificulta ainda mais o combate à violência sexual contra as mulheres
por Sarah Fermandes, da RBA publicado 31/10/2015 10:27, última modificação 31/10/2015 16:06
REPRODUÇÃO
Ana Portela
'O tradicionalismo e o perfil machista da sociedade têm uma interferência na quantidade de estupros'
São Paulo – A senadora Ângela Portela, do PT de Roraima – estado com a maior taxa de estupros do país – avalia que a decisão de proibir a entrega da pílula do dia seguinte para mulheres vítimas de estupro, aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara Federal na última semana, é uma forma de penalizá-las mais uma vez, ao mesmo tempo em que dá impunidade ao agressor.
Para a parlamentar, a decisão dificulta ainda mais o combate ao estupro. “Se o projeto visa a penalizar as mulheres que usarem a pílula, por causa do estupro, estaremos diante da não punibilidade do agressor. Daí, o combate ao estupro ficará mais difícil”, diz. “Há um estereótipo de que as mulheres vítimas de estupro são culpadas. Tudo pode justificar o crime: ela estava andando sozinha, ela estava de saia curta, ela bebeu, ela entrou no carro, ela deixou ele entrar no apartamento.”
Só no ano passado, foram registrados 47.646 estupros no Brasil, segundo dados oficiais das secretarias estaduais da Segurança coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram contabilizadas, ainda, 5.042 tentativas de estupro. Roraima é o estado com a maior taxa do país: 55,5 casos a cada 100 mil habitantes. Espírito Santo tem a menor média: 6,1. Só outros três estados têm uma taxa inferior a 10 a cada 100 mil: Rio Grande do Norte (8,7), Goiás (9,4) e Minas Gerais (7,1).
A senadora não foi específica nas questões relativas a seu estado. “De modo geral, falando do Brasil como um todo, acredito que o tradicionalismo e o perfil machista e violento da sociedade têm uma interferência no quantitativo de crimes, especialmente nas ocorrências de estupro”, diz a senadora.
Confira a entrevista.
Roraima é o estado com a maior taxa de estupros do país, segundo levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Que fatores colocam o estado no primeiro lugar do ranking?
Esses números refletem a banalização da violência, o conservadorismo e a forma como o estupro é visto pela sociedade. Na maioria das vezes, mulheres que sofrem violência sexual ainda são tratadas como “provocadoras” do crime, e não como vítimas. Muitas delas não denunciam à polícia por medo e vergonha. Também é preciso melhorar os equipamentos sociais de amparo às mulheres e assim fazer com que se sintam mais seguras para denunciar e pedir ajuda.
Como esse índice alto se reflete no dia a dia das pessoas do estado?
São várias situações. A primeira refere-se ao medo constante dos pais e adolescentes, considerando esse índice alarmante. O segundo, como já disse, é o estereótipo de que as mulheres vítimas de estupro são culpadas pela sociedade. Tudo pode “justificar” o ato abominável do estupro: ela estava andando sozinha, ela estava de saia curta, ela bebeu, ela entrou no carro, ela deixou ele entrar no apartamento. E por fim o medo de denunciar, que pode levar o agressor a reincidir no crime.
As taxas de estupro em outros estados da região Amazônica também são altas. Que características regionais interferem para que isso ocorra?
De modo geral, falando do Brasil como um todo, acredito que o tradicionalismo e o perfil machista e violento da sociedade têm uma interferência no quantitativo de crimes, especialmente nas ocorrências de estupro. Eu acho que quanto menos educada a sociedade, maior a ocorrência dos crimes de modo geral, e da violência contra a mulher, especificamente. A questão cultural é preponderante, e o perfil do estuprador não tem relação com cor ou condição social.
O que tem sido feito para reverter esse quadro e combater esse crime em Roraima?
Roraima tem projetos de promoção de políticas públicas para o combate à violência contra a mulher. O governo do estado (gerenciado por Maria Suely Silva Campos, do PP) mantém a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), que investiga todos os casos relacionados à violência contra a mulher, inclusive os de estupro. Além disso, conta com a Casa Abrigo de Maria, que visa a proteger as mulheres dos agressores, com a Coordenação Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres e trabalha na implementação do Programa 'Mulher Viver sem Violência', visando a garantir o atendimento integral e humanizado às mulheres em situação de violência.
Quais as maiores dificuldades no combate ao estupro? O que falta para avançar?
As soluções passam por investimentos maiores em políticas de enfrentamento à violência, o que inclui melhor segurança nas ruas, campanhas de conscientização e inclusão de debates sobre esse tema na educação, além de medidas legislativas de combate à impunidade.
No último dia 21, a CCJ da Câmara aprovou um projeto de lei que proíbe a venda da pílula do dia seguinte. Isso prejudica o combate ao estupro?
Consideravelmente, sim. A pílula do dia seguinte, hoje garantida por lei, visa a evitar que a vítima de estupro venha a engravidar de uma pessoa que a estuprou. Se o projeto visa a penalizar as mulheres que usarem a pílula, por causa do estupro, estaremos diante da não punibilidade do agressor. Daí o combate ao estupro ficará mais difícil.
Por que esse avanço conservador no Congresso dificulta mais as ações de combate ao estupro?
Do ponto de vista político, o avanço do conservadorismo no Congresso Nacional é delicado. Ali, é a casa de todas as vozes e pensamentos, mas não podemos deixar que a vontade de poucos se sobreponha às concepções da maior parcela da sociedade. Quero com isso dizer que não acredito que boa parte da sociedade aceite que uma mulher estuprada seja penalizada, por se recusar a ter uma gravidez que é fruto de um crime.
Também vimos na última semana uma série de comentários de cunho extremamente sexualizado dirigidos a uma criança de 12 anos, participante de um programa de TV, que caracterizaram pedofilia. Existe uma cultura de estupro no país? Por quê? Como combatê-la?
Não diria que existe uma cultura do estupro. Diria que existe uma cultura machista, patriarcal e discriminatória, que impõe à mulher um papel de subalternidade. Neste contexto, há homens que se sentem donos do corpo, da cabeça e até mesmo da vida das mulheres. Assim, podem explorar sexualmente, estuprar, agredir e até mesmo matar uma mulher, como mostram os índices de assassinato de mulheres em nosso país.
E pouco importa a idade. Daí a prática de pedofilia, que também é um crime, em geral praticado contra as mulheres, mas que também atinge garotos. O caso da pequena Valentina (participante do Master Cef Júnior, da TV Bandeirantes), de 12 anos, é um horror e revela que realmente estamos diante da sexualização da infância. Para combatermos toda esta cultura machista, precisamos lutar muito. Começando por intensificarmos as políticas de combate às práticas de violência sexistas. Temos leis importantes, como a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio, e a lei de punição ao estupro. Precisamos também garantir delegacias de defesa da mulher, varas e juizados e as casas de referência, que acolham e apoiem as vítimas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Intimação às 11 da noite, em casa de mulher grávida: na ditadura, em Bauru o DOPS respeitava o horário comercial - Fernando Brito para Viomundo

Intimação às 11 da noite, em casa de mulher grávida: na ditadura, em Bauru o DOPS respeitava o horário comercial

publicado em 30 de outubro de 2015 às 06:02
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Zola: culpado até prova em contrário
Intimação de filho de Lula, às 23 horas, é prova do “país da meganhagem”
Tenho afirmado aqui que o Brasil virou o país da “meganhagem”.
A Polícia passou a servir para produzir espetáculos políticos.
A polícia ter ido  ao apartamento de Luis Cláudio Lula da Silva   por volta das 23 horas da terça-feira, logo após ele ter chegado, com a mulher grávida, da festa de aniversário do pai é reveladora dos métodos que se empregam quando, em lugar de apurar, busca-se intimidar e humilhar.
Não é difícil acreditar que, até, os policiais estivessem de “campana” próximos ao Instituto Lula para segui-lo e intimá-lo assim que chegassem em casa.
Trata-se, é bom lembrar, de pessoa que não é acusada de nada, não está indiciada, tem endereço certo – aliás, apontado como suspeito por ter sido cedido por seu padrinho de batismo!
O tal depoimento seria hoje, quinta-feira, e havia obvio tempo hábil para que fosse feita, por exemplo, na manhã seguinte.
De novo, não é por ser apenas em relação ao filho do ex-presidente, é em relação a qualquer pessoa que não tem uma ordem de condução judicial, que apenas é intimada a prestar esclarecimentos.
É que quando se faz o que é desnecessário, é claro, está se fazendo algo com deliberada intenção em algo.
E, neste caso, o de provocar constrangimento.
Havia “risco de fuga”? Indicio de crime em flagrante? Qual o perigo que representava um rapaz com sua mulher grávida para ser perturbado neste horário? Onde estavam os policiais, “campanando” um ato particular onde se encontrava a Presidente da República? Com que fim, já que havia endereço sabido e não era aquele?
Infelizmente, não há na Polícia Federal chefes com capacidade de convocar seus subordinados a explicarem porque de uma notificação feita nestas circunstâncias e não segundo os procedimentos de praxe.
E não há, no Ministério da Justiça quem chame a direção da Polícia Federal às falas.
Porque aquilo é uma instituição da República e não o playground da meganhagem para fazer a sua politicagem de cabecinhas de pitbull.
PS do Viomundo1: Meu pai, militante comunista, era absolutamente contra a luta armada durante a ditadura militar. As idas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) à minha casa eram duplamente arbitrárias: sem mandado e sem “crime presumido”. Éramos cinco crianças estupefatas com aqueles homens que saiam com sacos de estopa cheios de livros “suspeitos”. Romances de Zola, por exemplo. Ah, mas tinha uma coisa: os agentes do DOPS em Bauru sempre respeitaram o horário comercial.
PS do Viomundo2: Quer dizer que um procurador alheio à Operação Zelotes incluiu de última hora as empresas do filho de Lula na lista de busca e apreensão da PF, aprovada pela juíza que é irmã do prefeito tucano de Blumenau, aliado de Aécio Neves? Vai vendo.
PS do Viomundo3: A armação para constranger Lula no dia dos seus 70 anos foi muito mais organizada do que parece. Reportagens contra ele foram amplamente promovidas através de grupos do WhatsApp ANTES que o conteúdo fosse de conhecimento público.
PS do Viomundo4: A direita é burra. Está agindo com tal extremismo que vai despertar simpatia popular por Lula, o perseguido.
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A épica batalha entre Jean Wyllys e João Rodrigues. Por Leo Mendes - Diário do Centro do Mundo

A épica batalha entre Jean Wyllys e João Rodrigues. Por Leo Mendes



Postado em 30 out 2015
Combate o bom combate
Combate o bom combate
É difícil às vezes fugir de maniqueísmos, do confronto dos bons contra os maus.
O embate entre os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e João Rodrigues (PSD-SC) é um desses casos.
Numa mensagem de apoio a Jean, o deputado estadual do PSOL no Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, resumiu o confronto: “Talvez você não tenha ainda a dimensão de tudo que fez quando resolveu fazer esta fala no microfone da Casa Grande. O coronel lhe pergunta: sabe com quem está falando? Sim, coronel. Nós sabemos com quem falamos e o que enfrentamos. Acho que é ele que não sabe com quem está falando. Ou não sabia até você romper com os troncos invisíveis que se espalham pelas casas legislativas e ruas do nosso Brasil”.
João Rodrigues é um representante do baixo clero, desconhecido mesmo em seu estado de origem, e que se elegeu com uma campanha milionária principalmente para defender os interesses de poderosos ruralistas e empresários do velho oeste catarinense.
Costumava trabalhar nas sombras, mas talvez inspirado por Eduardo Cunha e a crescente fascista, parece ter perdido o medo de se expor em toda a sua estupidez e monumental hipocrisia. Como uma ratazana que sai às ruas apenas na escuridão, aproveita das trevas em que o Congresso está mergulhado.
Fala coisas do tipo: “quem gosta de ver dois barbudos se beijando? Eles que façam isso em suas casas, na intimidade”, ao mesmo tempo em que assiste a filmes pornôs durante o expediente na Câmara.
Não se incomoda que a polícia atire para matar, defende que bandido bom é bandido morto e que o Brasil precisa de uma “faxina”, mas ele próprio foi julgado e condenado a cinco anos de cadeia por fraude em licitação e só escapou da prisão – ou da “faxina” – porque teve direito a recursos diversos.
É o típico bufão, grosseiro, truculento, representante do macho das cavernas, do coronelismo, do atraso, da burrice endêmica que assola o Brasil e é um caso de calamidade pública em Santa Catarina.
João Rodrigues chamou Jean Wyllys de “escória”, e ouviu de volta “ladrão!”. Jean não oferece a outra face a tipos como João Rodrigues, prefere enfrentá-los numa cruzada civilizatória fundamental e urgente.
Jean nunca foi indiciado nem condenado por crime algum. Seus opositores em geral o criticam por suas posições em relação a direitos humanos e ao combate a preconceituosos de verdade ou oportunistas sem escrúpulos que se alimentam de ignorância.
Em um Congresso infestado pela burrice medieval de ratazanas a serviço de uma agenda pré-estabelecida por seus financiadores – e presidido pelo rei das ratazanas – defender direitos humanos é o pior dos crimes.
É maniqueísta então, mas também verdade: é nítida a maldade simplória, a ganância desmedida e a estupidez abissal que Jean e uma minoria de deputados enfrentam com bravura todos dias.
A eles, nossa eterna gratidão.
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Sobre o Autor
Leonardo é catarinense, jornalista e escreve no blog Van Filosofia. http://filosofiavan.wordpress.com