Mais democracia!
Jornal Brasil de Fato
28/10/2014
Editorial da edição 609Para as forças populares, a reeleição de Dilma Rousseff foi uma gigantesca vitória. Erraram os setores da esquerda que, frente aos erros e deficiências do governo petista, o igualaram ao dos tucanos. Ignoraram, esses setores, a sanha com que as forças conservadoras, a direita, os neoliberais atuaram para recuperar o governo perdido em 2002. Era nítida a intenção de, em caso de vitória eleitoral dos tucanos, congelar e fazer regredir as conquistas sociais dos últimos 12 anos.
Mais ainda. Queriam criar facilidades para que o capital internacional fizesse uma nova ofensiva sobre nossas riquezas naturais, principalmente sobre o petróleo do pré-sal e no enfraquecimento e esquartejamento da Petrobras.
Era a disputa entre a candidatura que defende o Brasil – porque defende o nacionalismo econômico e a soberania nacional – e a candidatura do liberalismo econômico e da dependência ou do colonialismo, como bem expressou o economista Bresser Pereira em seu discurso de apoio à Dilma Rousseff.
Sabiam que uma derrota eleitoral do governo petista enfraqueceria e fragilizaria o bloco do Mercosul e abriria o caminho para retomar a política externa de FHC, com um realinhamento submisso ao Estados Unidos. Sem a participação do Brasil, outros países com governos progressistas e democráticos, como a Venezuela, a Argentina, o Equador ou a Bolívia, também estariam fragilizados. Cenário ideal para o império estadunidense.
Foi com esses propósitos que a direita orgânica se organizou em torno da candidatura de Aécio Neves. Uma candidatura impulsionada pelos setores mais retrógrados da sociedade brasileira e que, mais uma vez, contou com uma mídia empresarial que manipula, distorce e mente para a população brasileira.
Nas precisas palavras do sociólogo Aldo Fornazieri a vitória de Dilma foi grandiosa porque se deu “contra uma conjuntura adversa, contra um adversário que usou as armas do ludibrio e do engano, contra uma parcela conservadora da sociedade que disseminou o ódio e todo o tipo de preconceito, contra a volúpia especulativa do mercado financeiro e contra um bombardeio intermitente e impiedoso de setores da mídia.”
Passado o momento eleitoral, trata-se agora de encarar os desafios do segundo mandato de Dilma Rousseff. Quem deu vitória à candidata petista foi uma militância política que ocupou as ruas, praças e a internet para fazer frente ao poderio econômico e mediático da candidatura conservadora. Uma militância política que não se restringe a esse ou àquele partido político, mas que se une em torno da luta contra a histórica desigualdade social, política e econômica existente em nosso país. Uma militância que sonha com um Brasil socialmente justo, democrático e soberano.
É com o respaldo político dessa militância que o segundo mandato da presidenta Dilma precisa aprofundar as conquistas sociais e promover as reformas políticas reivindicadas pela população brasileira nas gigantescas mobilizações de junho do ano passado.
Em seu discurso como vencedora, a presidenta enfatizou a necessidade de um plebiscito popular para promover uma reforma a política do país. Torna-se cada vez mais necessária uma assembleia nacional constituinte, soberana e exclusiva, como foi pedida pelo Plebiscito Popular, realizado na semana da Pátria e que coletou mais de 8 milhões de votos a seu favor. Precisamos de novas leis que aprofundem a democracia e assegurem a participação soberana do povo nas decisões políticas do país. É preciso criar as condições legais para restringir e normatizar o poder econômico e mediático nos processos eleitorais.
É imprescindível e urgente uma nova lei sobre os meios de comunicação. Antes que os conservadores gritem dizendo que isso é um ataque a liberdade de expressão, basta ter como referência a legislação da União Europeia, da Inglaterra ou dos EUA sobre a mídia. Nesses países, os barões da mídia, quando cometem crimes, sentam no banco dos réus.
Há ainda o desafio de enfrentar, com firmeza e decisão, as reformas estruturais, dentre elas a reforma agrária e a urbana, que aprofundem a distribuição da riqueza produzida em nosso país e assegurem a universalização do acesso à saúde e à educação de qualidade e gratuita.
Essas reformas estruturais enfrentarão os mesmos adversários que foram derrotados, pela quarta vez seguida, nas urnas. Estes continuarão usando todas as suas armas e subterfúgios para impedir os avanços da democracia e das conquistas sociais em nosso país. Por isso, faz-se necessário a classe trabalhadora voltar a ocupar as ruas.
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