O boato, a grande mídia
e o linchamento
Márcia D`Angelo
São Paulo, 06/05/2014
Mas o mercado não é dinamizado por boatos?
Será que internet pode ser considerada grande mídia? Ou o
facebook é uma decorrência dos grandes jornais, revistas, rádios, tvs
comerciais, enfim, resultado das notícias produzidas, forjadas, construídas por
pessoas físicas ligadas ou linkadas a grandes interesses econômicos e
financeiros? Ou será que a configuração de crimes é manipulada e confeccionada
pelo grande enfoque que os grandes meios de comunicação comerciais dispensam às
“notícias populares” no sentido de repetir dia e noite a criminalidade a ponto
de banalizá-la? A violência é causa ou consequência do boato? O caso da Escola
Base (Escola de Educação Infantil acusada de abusar de menores) há 4 anos atrás
(1994) não foi suficiente para conscientizar os perigos de se condenar
inocentes através da ausência de provas?
A calúnia que provocou a destruição de uma instituição
honesta, de pessoas inocentes, incriminadas por boatos que insuflaram a
população contra elas teve a veemente participação de um delegado e da grande
mídia. A calúnia está banalizada além de ficar impune? Será que a cidade do
Guarujá entrou para a modernidade através de crime tão hediondo? Onde está o
clamor da classe média pela segurança???????????????????????????????????????????????????????????????????
Ou será que a moça linchada ontem, a Fabiane, tinha perfil de
sequestradora na linha de Lambroso já que era membro das “classes populares”,
que labutava em sua comunidade? A polícia do Rio de Janeiro realmente excluiu
da internet o retrato falado de uma suposta sequestradora de crianças há 2 anos
no Rio de Janeiro?
Por que a população agora facilmente se organiza para linchar
seres humanos? Será que a violência tão vilipendiada pela classe média não está
nas frestas, nas lacunas de seu combate, ou seja, na corriqueira repressão
policial a qualquer suspeito, (especialmente se for negro e pobre), no
marketing da vida bem sucedida a partir de todos os bens materiais supérfluos,
na gana ou ansiedade mórbida de encontrar culpados para serem sacrificados pela
falta de controle da reação popular?
Qual o símbolo que a Fabiane deixou para nós? Ela foi imolada
porque supostamente era parecida com um retrato falado? O dono do blog do
jornal do Guarujá necessitava de um mártir ou uma mártir para expor ao mundo as
contradições de uma cidade de pobres que abriga segundas residências das elites
ou da classe média paulista?
Mata-se por prazer? Mata-se porque não se consegue chegar à
essência existencial? Mata-se por ódio àqueles que supostamente podem
representar perigo? Mata-se para perenizar o poder das elites? Mata-se para
mudar a sociedade no sentido de configurá-la mais cruel, mais desigual, mais
fascista ou protofascista, discriminatória, mais meritocrática? Mata-se para
criar o que? O ovo da serpente?
Hoje, ontem, amanhã são dias de luto nas belas praias do
Guarujá possivelmente frequentadas pelo menos aos domingos pela jovem dona de
casa e mãe de dois filhos Fabiane. Ela
foi linchada, imolada, pelos justiceiros representantes em última instância do
grande capital (talvez até do médio), da grande mídia, da polícia civil e
militar, do Poder Judiciário, das elites e das classes médias tão clamorosas e
ciosas de segurança.
FALTA DE UTOPIA...FALTA
DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE
UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA
DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...FALTA DE UTOPIA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário