terça-feira, 15 de setembro de 2015

Medidas econômicas devem distensionar momento político, dizem economistas - Rede Brasil Atual

AJUSTE

Medidas econômicas devem distensionar momento político, dizem economistas

Para Guilherme Mello, governo optou pelo caminho do meio, mas ajuste pesa mais sobre os mais pobres. Belluzzo defende a volta da CPMF
por Redação da RBA publicado 15/09/2015 10:50, última modificação 15/09/2015 13:32
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LULA MARQUES/AGÊNCIA PT
corte
Ministros Levy (Fazenda) e Barbosa (Planejamento) anunciaram ontem (14) cortes de R$ 26 bi no orçamento de 2016
São Paulo – Para os economistas Guilherme Mello e Luiz Gonzaga Belluzzo, do Instituto de Economia da Unicamp, as medidas econômicas anunciadas ontem pelo governo devem acalmar o momento de tensão política vivida no país. Em entrevista à repórter Marilú Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Guilherme diz que o governo tomou o caminho do meio, mas que o ajuste afeta mais diretamente o funcionalismo público e os mais pobres. Belluzzo defende a volta da CPMF.
"O momento não permite, ao governo, tomar lados. Se ele, simplesmente, adotar a agenda pura dos liberais, perde completamente o apoio das centrais sindicais. Se adota a agenda pura das centrais, do campo progressista, perde o apoio dos bancos e dos empresários. Tem que fazer pequenas concessões para cada um dos grupos e fazer uma agenda mista, até para ter viabilidade política, não só no Congresso como na sociedade.", analisa Guilherme Mello.
"Quem vai pagar mais pesadamente o ajuste, não tem jeito, vão ser os mais pobres e os funcionários públicos". Guilherme Mello destaca que, ao contrário dizem alguns analistas, o ajuste está sendo feito fortemente a partir do corte de gastos, e não apenas no aumento da arrecadação. O impacto para o funcionalismo se dá por conta do congelamento de reajustes e suspensão de novos concursos. Para os mais pobres, o impacto se deve aos cortes nas áreas sociais, mas que os cortes em áreas como saúde e habitação, por exemplo, podem ser compensados através das emendas parlamentares.
O economista diz que o plano, se bem-sucedido, pode contribuir para a melhora do ambiente econômico, mas aponta que os cortes, ao reduzirem ainda mais o nível de investimento, podem aprofundar ainda mais a crise.
Na opinião de Guilherme Mello, as medidas de cunho recessivo têm por objetivo o apaziguamento das tensões. "Uma parte importante da crise brasileira é alimentada por um certo terrorismo, uma pressão exacerbada dos setores conservadores da sociedade, que querem desmontar os direitos sociais e o estado de bem-estar social. O governo, o que faz? Ele aceita, mas parcialmente, os pedidos desses setores".
Para o professor e economista Luiz Gonzaga Belluzzo, as novas medidas econômicas abrem espaço de negociação do governo com o Congresso e cita, por exemplo, a proposta de recriação da CPMF, que deverá ter a alíquota definida pelo legislativo.
Belluzzo defende a volta da contribuição que, segundo ele, nunca deveria ter sido extinta.  "A CPMF é um imposto que a gente quase não sente. Se você, por exemplo, der um cheque de 10 mil reais, vai pagar 20 reais de CPMF", defende o economista. Ele defende ainda o caráter progressivo do imposto, pois incide mais sobre que realiza maior número de transações financeiras, ou de maior monta. Outra vantagem citada pelo economista é que, com uma base de arrecadação bastante ampla, a cobrança permite uma resposta favorável na arrecadação.
O economista também classifica como "corretíssima e justa" a medida anunciada da cobrança de Imposto de Renda sobre ganho de capital das pessoas físicas. Bens acima de 1 milhão de reais pagarão alíquota que pode variar entre 20% e 30%. Belluzzo lembra que medida semelhante foi introduzida, nos EUA, pelo ex-presidente Bill Clinton e contribuiu para o reequilíbrio fiscal do país, que vinha de seguidos resultados negativos.
Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual:
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