CEBs: Justiça e Profecia a serviço da Vida
Júlio Lázaro Torma*
" Somos gente nova vivendo a união,
somos povo semente de uma nova nação."
( Zé Vicente)
Nos dias 07 a 11 de Janeiro de 2014, estará ocorrendo em Juazeiro do Norte, na Diocese do Crato (CE), no sertão do Cariri, o 13º Intereclesial de Comunidades Eclesiais de Base, com o tema:" JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA" e o lema:" CEBs, Romeiras do Reino no Campo e na Cidade".
Reunindo em torno de 4000 delegados/ as das comunidades de todo o Brasil.
As CEBs foram a melhor experiência nascida a partir do Concílio Vaticano II ( 1962-1965) e da Conferência do Episcopado Latino americano, reunido em Medellin ( 1968).
Elas nascem na América Latina e estão presentes em todos os rincões do continente, como na América do Norte, África, Europa, Ásia, Oceania e na Austrália.
No Brasil elas surgem e se desenvolvem durante a ditadura militar (1964-1985), como um espaço não partidário de reivindicação social, ali onde os partidos não podiam atuar.
Elas se desenvolvem nos setores mais empobrecidos e excluídos da sociedade, nos bairros populares, favelas, cidades satélites, áreas rurais e periferia de qualquer tipo.
Elas surgem e se desenvolvem no processo de industrialização do país, com a expulsão de levas de camponeses/as que são expulsos do campo pela mecanização do campo e o inicio dos monocultivos, que arruinaram com a agricultura brasileira.
Muitos camponeses/as expulsos de seu chão, começam a engrossar as periferias das cidades, formando cidades informais sem nenhuma infraestrutura, como a falta de saneamento básico, eletricidade, saúde, transporte coletivo de qualidade.
Muitas capelas frágeis foram construídas em áreas ocupadas ou públicas, que se tornaram local de oração, celebração da Palavra e da Eucaristia daquele povo.
Estas comunidades estão em comunhão com a Igreja Particular e Universal, onde se converteram em centro de evangelização e motores de libertação e que "Reconhecerá seu desenvolvimento em comunhão com os pastores"(DP 156).
Durante trinta anos de "inverno glacial eclesial", dos dois últimos pontificados de João Paulo II e Bento XVI( 1978-2013), elas sofreram perseguições, incompreensões e descrédito por parte de alguns setores eclesiais.Como a perseguição e calúnia de toda ordem por parte de grandes grupos políticos, econômicos e da mídia, na qual muitos de seus membros pagaram com a sua própria vida.
Mesmo com o descrédito, indiferença e preocupação de alguns setores do clero, elas continuam vivas e atuantes no meio dos setores mais empobrecidos.
Não só tendo uma atuação eclesial, de evangelização, como levando à cidadania as populações empobrecidas e abandonadas e novos serviços e pastorais nascem deste novo jeito de ser IGREJA, a mesma Igreja de Jesus Cristo, desde a era dos Apóstolos de ser " Proféticas a Serviço da Vida".
Em torno da leitura popular da Bíblia, nas comunidades saiu muitas iniciativas de cidadania, onde os pobres despertam e percebem que tem valores e direitos negados e se organizam para conquista-los.
Onde nascem lindas experiências como o cooperativismo, reciclagem, economia popular solidária e o comércio justo.
Os novos ventos trazidos pela Conferência de Aparecida (2007), pelo Papa Francisco e a retomada das CEBs pelo episcopado brasileiro (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/ CNBB), reanimam as comunidades eclesiais de base na luta por justiça e a serem profetas e se colocarem a serviço da Vida, como fez Jesus e os milhares de irmãos/ as que tombaram na luta por uma nova sociedade e humanidade.
Outro mundo é possível e necessário, que caibam outros mundos, como é o sonho e o projeto do Reino de Deus que também é nosso.
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* Membro do Colegiado Nacional da Pastoral Operária
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